Cerveja artesanal atrai novos empreendedores
A cerveja artesanal está na moda e tornou-se um negócio interessante para muitos empreendedores. Do Minho ao Alentejo, fazem-se microproduções, que alargam a oferta da bebida preferida de muitos portugueses. As novas marcas multiplicam-se, num mercado que ainda tem muito por onde crescer.
A produção somada das cervejeiras artesanais é de cerca de 200.000 litros – menos de 0,3% do total fabricado em Portugal. Mas as razões que justificam o início do negócio são três: prazer pessoal, insatisfação com a qualidade das cervejas industriais e oferta pouco diversificada.
A cerveja Bordallo tem o seu berço no Concelho das Caldas da Rainha e nasceu como ideia no final de 2012, “quando um grupo de amigos, insatisfeito com a homogeneidade das cervejas que conseguiam encontrar na região, e com a curiosidade e espírito crítico para entrar numa nova aventura, começou a produzir a sua própria cerveja”, adianta Paulo Bastos.
Nélson Miranda, da 5 e Meio (Póvoa da Galega – Mafra), justifica a sintonia do gosto, dos atuais sócios, para motivo de arranque. “A vontade de arriscar numa atividade que não conhecíamos, mas que tínhamos muita vontade em pôr em prática. Acima de tudo, ambicionávamos ver o resultado final e poder beber uma cerveja produzida por nós”.
A família de Maria Camila Begonha já há vários anos que tinha o hobby da produção de cerveja. “Depois do mestre cervejeiro fazer cerveja em casa há vários anos, decidimos que poderíamos transformar um hobby num negócio”. A cerveja Bolina (Azambuja) levou algum tempo a nascer. “A ideia surgir em 2012 e obtivemos as licenças em março de 2014” – revela Maria Camila Begonha.
A Arrábida Beer Company (Sesimbra) teve um longo período de gestação. Valentina Resel informa: “a ideia surgiu há cerca de 30 anos, na mente do nosso mestre cervejeiro, visto que para ele não existia nenhuma cerveja com a qual se identificasse”. Foi recentemente, no ano 2013, que pôs esta ideia em prática, para assim produzir uma seleção de cervejas gourmet artesanais.
O produtor de Sesimbra foi impulsionado pelo vazio de oferta existente. “Esta ideia avançou visto o vazio no mercado das cervejas artesanais, na qual decidimos explorar, sem qualquer tipo de fim lucrativo, para conhecer melhor como é o processo de produção das cervejas. Depois de um ano de experimentação, decidimos investir neste segmento, pois não existia grande variedade de produtos” – adianta Valentina Resel.
Quem faz cerveja, fá-la por gosto
Scott Steffens, engenheiro de software, fez a sua primeira cerveja caseira na década de 90. É um aficionado da cerveja artesanal, desde então. Susana Cascais fez a sua carreira em marketing e publicidade, nos Estados Unidos, tendo trabalhado durante vários anos com uma cervejeira artesanal de larga escala. O casal Susana Cascais e Scott Steffens mudou-se de Seattle para Lisboa no final de 2012. Vinham habituados à variedade e quantidade de cervejas artesanais que se podem beber na maior cidade do Estado de Washington. Ficaram desiludidos com a escassa oferta. “Não vínhamos com a intenção de abrir uma fábrica de cerveja artesanal, mas acabou por se tornar uma necessidade, dada a pouca oferta ainda existente no mercado português, saturado pelas cervejas industriais”. A Dois Corvos está em fase final de arranque e vai ser lançada no mercado “muito em breve” – revela Susana Cascais.
A empresa Heróis e Conquistadores nasceu em Aveiro, a 9 de Maio de 2013, para produzir a Mediavalis. Alexandre Carvalheira dá conta que a empresa nasceu “da vontade incondicional de levar avante um projecto que desse uma resposta sólida e diferenciada, ao nível do mercado da cerveja artesanal portuguesa de qualidade”. Assentou a sua linha de acção em três vertentes: venda dos produtos através da restauração e lojas da especialidade; venda por meio de loja online; e venda e promoção em festivais da especialidade e feiras medievais.
Já a Passarola (Lisboa) foi criada por Rob Klacek, australiano com experiência em cerveja caseira e profissional da distribuição de bebidas, e André Pintado, provador amador, com currículo de mais de 1.500 cervejas testadas.
“A ideia surgiu em Lisboa, onde o meio cervejeiro continua pequeno e onde toda a gente se conhece”. O motor foi posto a trabalhar por duas razões: “o amor pela cerveja artesanal e cerveja criativa, e a oportunidade que o mercado nos oferecia quando começámos” – explica André Pintado. Começou em Abril de 2014 e em Setembro foi mostrada em Cascais, no mercado da cerveja.
Veja a reportagem completa na edição de fevereiro/março da revista Negócios & Franchising.