La Contessa – Carpaccio House: Este negócio serve-se cru!
O setor da restauração exige disrupção e Lisboa está repleta de conceitos diferentes e inovadores. Foi isso que motivou Alessandra Miranda, uma manequim apaixonada por história das artes, e com jeito para o negócio, que em abril de 2015 decidiu estrear um espaço inteiramente dedicado aos carpaccios, receita com uma estória que transparece em cada um dos pratos confecionados no ‘pequeno cantinho’ de Cascais.
Texto: Ana Rita Costa l Fotografia: Eduardo Martins
Na verdade, tudo começou há cerca de dois anos, “com a ideia de criar um restaurante muito específico”, conta-nos Alessandra. De sorriso fácil e simpatia contagiante, revela-nos que acredita “mesmo” que o que os clientes procuram é conceitos diferentes. “O mercado cada vez mais exige produtos muito específicos e direcionados e por isso decidi fazer tudo muito focado no carpaccio porque ainda não existia nada desse género.”
Motivada pela ideia inovadora, decidiu investigar a estória por detrás daquela forma de preparar alimentos. Foi isso que a encantou e já não conseguiu fugir à vontade de ter um negócio próprio.
“Em 1950, uma condessa italiana, Amalia Nani Mocenigo, ficou doente e viu-se obrigada a comer apenas alimentos crus, sobretudo carne. O chef do restaurante veneziano Harry’s Bar, Giuseppe Cipriani, conhecia-a e por isso inventou um prato original de fatias muito finas de carne crua, com molho de mostarda. As cores vivas do prato lembraram-no das pinturas de Vittore Carpaccio, um pintor veneziano de 1400 conhecido pelos tons vermelhos e brancos característicos do seu trabalho, e foi isso que deu o nome ao prato”, revela.
Como Vittore Carpaccio já estava homenageado, com o nome no prato que depressa se tornou popular em Itália, a empreendedora decidiu homenagear desta feita a pessoa que na verdade deu origem ao sucesso, a condessa italiana: e assim nasce o ‘La Contessa – Carpaccio House’.
O espaço pequeno (só cabem oito), mas que ainda assim convida a entrar, exigiu um investimento de 20 mil euros que já estavam pagos quatro meses depois da empreendedora ter decidido abrir portas. Percebe-se porquê: são servidos carpaccios de novilho, polvo, salmão, atum, tártaros, piadinas e ceviches, tudo com ingredientes frescos, acabados de cortar, com um sorriso nos lábios, e com um total aproveitamento de todas as partes das peças utilizadas para preparar os carpaccios.
“O negócio está a correr muito bem e as pessoas têm sido muito recetivas, porque hoje em dia toda a gente procura coisas novas, com comida diferente e este é um conceito que chama à atenção, precisamente por ser muito diferente. Para além disso, a recetividade e abertura à experimentação de comida crua é cada vez maior, até porque os consumidores já reconhecem que é uma opção muito saudável, com todos os nutrientes que uma refeição deve ter. Isso aliado ao facto de ter uma estória por trás também ajuda”, conta-nos.
O burburinho começou a circular para além dos limites da pequena rua de Cascais, e para além da vizinhança que por ali espreita para dar os ‘bons dias’ e para provar as iguarias que se servem cruas, de repente começaram a surgir contactos de interessados em ter um negócio parecido.
O menu foi entretanto replicado num espaço lisboeta, no ‘Ao Pé da Sé’, fruto de uma parceria que, segundo Alessandra Miranda, chegou tão rápido porque “o conceito é diferente! Logo quando abri tive alguns interessados em abrir unidades em Londres, Angola, etc. O conceito de Lisboa nasce como resultado de uma parceria que inclui apenas o menu do ‘La Contessa – Carpaccio House’, não inclui a marca. O investimento inicial neste caso foi de 60 mil euros e os empresários responsáveis pelo espaço tiveram retorno em apenas dois meses.”
Com uma parceria a correr tão bem, os objetivos da empresária passam agora por tentar expandir a marca que criou em regime de franchising, mas o modelo de negócio ainda está a ser trabalhado, uma vez que para a empreendedora “cada caso será um caso.”
“Se for um food truck o valor terá que ser diferente do valor de uma loja pequena ou enorme. Tenho muita sensibilidade para a questão da diferenciação de cada loja. Entendo que cada caso deve ser visto como isso mesmo e não como apenas um número. Acredito que aqueles que se interessarem pelo negócio, se tiverem muita paixão pelo conceito e quiserem ser detentores de uma franquia da marca tudo farão para que se consiga negociar da melhor maneira. É por isso que não tenho um royalty definido”, explica.
Para além do franchising, o futuro do ‘La Contessa – Carpaccio House’ deverá passar pelo estrangeiro. “Gostava de chegar a todo o lado (risos). A Nova Iorque, a Londres… Acho que qualquer grande cidade aceitaria este conceito, por tudo o que lhe expliquei: a questão da novidade, por ser saudável… no fundo é uma tendência que toda a gente procura. Gostava muito de levar a marca mais além, até porque me parece uma marca interessante, que carrega uma estória forte. Estou a começar agora a analisar a questão do franchising, já tive propostas, mas a marca ainda está numa fase muito inicial.”
Artigo publicado na edição de outubro/novembro de 2015 da revista NEGÓCIOS & FRANCHISING