De acordo com o inquérito Observador Cetelem, realizado pela empresa de estudos de mercado Nielsen, 34% dos portugueses estão com dificuldades no pagamento das despesas mensais fixas e 28% não têm capacidade para suportar despesas extras.
Perante as consequências sociais e económicas devido à crise de saúde pública que o país e o mundo atravessam, o Observador Cetelem procurou saber qual a opinião dos portugueses em relação à situação atual do país e como avaliam a sua situação pessoal.
A maioria dos inquiridos avaliaram a atual situação do país como negativa, atribuindo 4,9 pontos em 10, enquanto 46% fizeram uma avaliação positiva, sendo os jovens dos 18 aos 24 anos os mais positivos, assim como os que trabalham por conta de outrem. Os mais pessimistas são os que se encontram em situação de desemprego e os empresários que trabalham a título individual.
Em relação à sua situação pessoal, os portugueses demonstram-se “algo otimistas”, avaliando com 5,6 pontos em 10, ainda que 44% dos inquiridos a avaliem a sua situação como negativa. É nas regiões Sul e Centro que a perspetiva pessoal é mais positiva. Já os inquiridos entre os 35 e os 44 anos, residentes nas regiões de Lisboa e Porto, desempregados ou em regime de lay off são os que pior avaliam a sua situação pessoal.
De acordo com o inquérito, perante anos anteriores esta é a primeira vez que se verifica uma diminuição destes dois indicadores. A situação do país não era avaliada pelos portugueses tão negativamente desde 2017 (4,6), tendo diminuído 0,5 pontos face a 2019 (5,4). A avaliação que os portugueses fazem da sua situação pessoal está em níveis de 2018 (5,6), representando uma diminuição mais ligeira, de 0,2 pontos, face a 2019 (5,8).
No que diz respeito à situação financeira, para enfrentar as dificuldades, ou apenas com objetivos de poupança, pelo menos para 41% dos portugueses inquiridos ponderam a renegociação de serviços contratados, com 24% a afirmarem já o ter feito e 17% a manifestarem ter a intenção de rever, renegociar ou cancelar serviços que não utilizam ou utilizam pouco. Contudo, 52% irá continuar a usufruir desses produtos ou serviços, não pretendendo fazer qualquer alteração.
No que diz respeito às despesas extras, 28% dos inquiridos assumem que hoje não têm já capacidade para as suportar, havendo um aumento de 12 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Porém, 43% afirmam conseguir despesas extras.
Nos próximos três meses, a maioria dos portugueses acredita que conseguirá assegurar totalmente as despesas do agregado familiar (52%). Já 23% dizem que só conseguirão assegurá-las parcialmente e 18% acreditam que nos próximos 3 meses podem não conseguir assegurá-las de todo.
O inquérito teve por base uma amostra representativa de 1000 indivíduos residentes em Portugal Continental, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 18 e os 74 anos de idade. A amostra total é representativa da população e está estratificada por distrito, sexo, idade e níveis socioeconómicos e conta com um erro máximo associado de +/- 3.1 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%. As entrevistas foram realizadas telefonicamente (CATI) e o trabalho de campo foi realizado entre 20 de maio e 1 de junho de 2020.