APED insta Governo a flexibilizar rácio de clientes em loja
A Associação Portuguesa de Empresa de Distribuição apresentou o seu relatório anual de vendas dos seus associados. Numa sessão de esclarecimento onde marcou presença Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED, um dos pontos que gerou mais críticas por parte desta entidade foi o rácio de consumidores por metro quadrado em loja.
Num momento em que a economia se prepara para reabrir no seu todo, pondo fim ao período de confinamento obrigatório, fruto do plano de desconfinamento, Gonçalo Lobo Xavier defendeu a subida do rácio de 5 pessoas por 100 m2 em loja, para um valor entre os 7 e os 10, em linha, como defende a APED, com as práticas dos países europeus.
“Olhando para o futuro, é preciso pensar e repensar um tema que nós insistimos muito na APED que é o número de pessoas em loja. (…) Nós temos, em Portugal, o índice mais baixo da Europa relativamente ao número de clientes em loja: 5 pessoas por 100 metros quadrados. Não tem paralelo com mais nenhum outro Estado-membro, mesmo países que estão com outro tipo de sofrimento”, começou por referir o diretor-geral da APED
“Não vemos razão absolutamente nenhuma para insistirmos numa questão que, por um lado, põe em causa a sustentabilidade dos negócios, sobretudo do retalho especializado, e por outro, não tem aderência com a realidade e necessidades de cumprimento de legislação em saúde pública e num aspeto em que nós somos os primeiros a querer que tudo corra bem”, continuou.
“Não é nos espaços comerciais que há transmissão do vírus. O que pode gerar transmissão de vírus é insistirmos nesta teimosia de não olharmos para o facto de as lojas terem feito investimento e estarem estruturalmente preparadas para receber mais clientes. As lojas estão normalmente quase vazias, ou com um tráfego muito reduzido. Em dias de muita afluência, temos clientes a fazer fila à porta, local onde, aí sim, esses aglomerados que queremos evitar não podem ser controlados por nós. Podem ser, eventualmente, momentos de maior proximidade entre as pessoas e queremos de todo o modo evitar isto. Isto resolvia-se aumentando o rácio de pessoas em loja”, defendeu para terminar sobre o tema, lembrando que um valor positivo para este rácio seria o de “entre 7 a 10 pessoas por 100m2”.
Retalho alimentar a crescer. Retalho especializado sofre dura queda
Segundo os dados apresentados, o setor do retalho alimentar (“O Retalho Alimentar apresentou um aumento de 8,1% do volume de vendas no ano de 2020 face ao ano transato”), até fruto das necessidades sentidas pelos consumidores que se viram obrigados a passar mais tempo em campo, subiram de forma expressiva.
Por seu lado, no retalho especializado (“Retalho Especializado foi a área mais penalizada, registando uma variação global de -17,7% no volume de vendas”), um dos setores mais afetados pela pandemia, sentiu-se um decréscimo abrupto dos valores transacionados, fruto da própria natureza da compra dos consumidores, num segmento que ainda depende grandemente da presença em loja.