As vantagens do franchising pela voz dos franquiados
“Foi a forma de sobreviver no mercado”, admite Francisco Simões que abriu a 1.ª loja Amanhecer em 2011, na Baixa lisboeta. Já César Feiteira, franquiado do Meu Super em Alcântara, salienta “os preços muito competitivos da Sonae e o apoio ao negócio”. A rede My Auchan entrou nesta ‘guerra’ das lojas de bairro em 2017 com um conceito “iminentemente urbano”, gerido diretamente pelo grupo, que “aposta na digitalização e nos serviços colocados à disposição do cliente como as entregas ao domicílio, wifi gratuito, o pick-up e o levantamento de compras feitas no Jumbo online”, explica Rui de Carvalho.
São já cerca de 650 lojas em todo o país das três redes de proximidade (329 do Amanhecer, mais de 300 do Meu Super e 20 da My Auchan). As duas primeiras, lançadas em 2011, e a cadeia do grupo Auchan no ano passado e com um conceito bem diferente, mas igualmente com um modelo de ‘loja de bairro’ e de proximidade.
“Temos assistido a uma grande aposta nas cadeias da proximidade e esta viragem acompanha as novas formas de vida dos portugueses, que dão cada vez mais importância à proximidade e comodidade”, diz-nos o diretor-geral do Meu Super. António Filipe adianta à DISTRIBUIÇÃO HOJE que “as lojas Meu Super localizam-se, predominantemente, em zonas habitacionais ou de grande fluxo pedonal e caracterizam-se pela sua apresentação simples e prática e uma oferta variada”, frisando que “todas estas características são muito apelativas para os nossos clientes, que passam a contar com um local perto de casa ou do trabalho onde podem fazer as compras do dia-a-dia”.
Fonte oficial do Recheio (insígnia do grupo Jerónimo Martins que gere a rede Amanhecer) defende que “a proximidade e a conveniência, aliadas a novos comportamentos de consumo, são fatores que fazem com que este formato de lojas cresça cada vez mais” e acrescenta: “Temos ainda uma gama alargada de produtos de marca própria que permite que as lojas tenham um sortido de grande qualidade a preços muito competitivos”.
Já Rui de Carvalho, diretor de ultraproximidade da Auchan Retail Portugal, salienta que “as lojas My Auchan respondem a um conceito de loja iminentemente urbano, e diferenciam-se fundamentalmente pela modernidade da loja, oferta alargada de produtos, aposta na digitalização e nos serviços colocados à disposição do cliente como as entregas ao domicílio, wifi gratuito, o pick-up e o levantamento de compras feitas no Jumbo online” e destaca que “as lojas MyAuchan dirigem-se a um consumidor urbano, jovem e que procura novas tendências de consumo e daí que uma linha de diferenciação é também a variedade de experiências que as lojas proporcionam aos seus clientes, em função dos locais onde se inserem. Nesse sentido há apostas diferentes em cada uma das lojas, desde a cafetaria à gastronomia em serviço, passando até por um espaço de Cowork, de acesso livre, totalmente gratuito e de forte adesão”.
Histórias diferentes, igual satisfação
Falámos com dois franquiados, um do Amanhecer – Francisco Simões que abriu a primeira loja da cadeia em 2011, e outro do Meu Super – César Feiteira que tem a loja há dois anos, ambas em Lisboa.
Francisco Simões já tinha a sua loja na Baixa lisboeta há alguns anos e lembra que “o que me seduziu foi o ambiente de loja e a força do produto Amanhecer”, assegurando que “foi a forma de sobreviver no mercado e de poder dar maior oferta aos clientes”. Hoje, quase oito anos depois, considera que “foi uma aposta ganha, correu bem e não estou nada arrependido”. Devido à localização, na Rua dos Correeiros, os clientes residentes são poucos, sendo na maioria pessoas que trabalham na zona e turistas nacionais e estrangeiros.
Por isso, Francisco Simões refere que “o sortido que temos é essencialmente alimentar e de produtos de conveniência, porque ninguém faz aqui as compras habituais para o lar”. No entanto, faz questão de ter sempre quase todos os produtos de folheto “e se não tenho, é porque achei que não conseguiria vender, basta o cliente pedir que no dia seguinte já tenho, porque recebo produtos todos os dias”.
A história de César Feiteira foi diferente, trabalhava em logística farmacêutica há cinco anos e há muito que ele e a mulher queriam abrir um negócio próprio e o desafio veio precisamente da esposa que “pesquisou e achou que o Meu Super seria a solução, marcou uma entrevista numa feira de franchising, em maio de 2016, fomos, gostámos do projeto e em dezembro estávamos a abrir a loja”.
O franquiado da rede do grupo Sonae refere que na zona (Alcântara) há muita concorrência: “lojas do Minipreço (mesmo paredes meias), do Pingo Doce e do Lidl e apesar de ser uma zona principalmente residencial, o público é diverso, alguns clientes mais idosos, mas também muitos jovens universitários devido às faculdades na zona e outros que moram por ali”. Diz à DISTRIBUIÇÃO HOJE que foi construindo um sortido diverso, “muito apoiado no que os clientes vão pedindo e sugerindo” e “já temos uma carteira estável, de clientes fiéis, desde há alguns meses e conheço-os quase todos”.
MDD, preços e serviço
Quando questionamos sobre as vantagens, as ‘estórias’ dos dois franquiados já são muito idênticas: ambos estão satisfeitos e destacam os produtos de Marca Própria (Amanhecer) e a possibilidade de usar o Cartão Continente (Meu Super), bem como preços competitivos e o serviço de apoio ao negócio prestados pelas redes.
“O produto Amanhecer tem grande vantagem e bom reconhecimento pelo cliente, pesando o fator qualidade e preço”, afirma Francisco Simões. O franquiado sublinha ainda “o total apoio do Recheio, o bom marketing e decoração da loja bem como o sistema informático, que nos poupa muito trabalho, bem como as entregas diárias e os folhetos”.
Já César Feiteira destaca “a vantagem para os clientes de poderem usar o Cartão Continente e acederem também aos produtos de Marca Própria do Continente, bem como os preços muito melhores, por vezes que os vendedores das próprias marcas, que a Sonae nos oferece”, bem como “um ótimo apoio logístico, que tem vindo a melhorar ao longo do tempo”.
Por isso, os dois empresários embora possam comprar produtos fora das centrais das redes salientem que isso acontece muito pontualmente em casos de produtos muito específicos.
O franquiado do Meu Super não quis deixar de referir alguma preocupação em relação à mudança que se está a sentir na capital: “Lisboa está a mudar por causa dos preços das casas. Já me aconteceu encontrar casais jovens que eram nossos clientes e que nos dizem que tiveram de ir embora pela não renovação dos contratos de arrendamento e/ou a subida vertiginosa dos preços das rendas”.
Crescimento das redes vai manter-se
Quando questionados sobre o futuro, todos os responsáveis das redes preveem crescer: “Atualmente temos 329 lojas e a previsão é continuarmos a crescer em 2019”, afirma fonte oficial do Recheio sobre a cadeia Amanhecer, enquanto o responsável da Auchan adianta que o grupo “detém hoje 20 lojas My Auchan, situadas na zona da Grande Lisboa, podendo chegar ao final do ano de 2018 com uma rede de ultraproximidade com cerca de 25 Lojas. A médio prazo contamos continuar este caminho de aberturas de lojas, tendo por objetivo em 2019 abrir entre 25 a 30 lojas” e avança: “Preparamo-nos para alargar a nossa influência geográfica contando a partir de março iniciar a nossa presença no Grande Porto”.
Por sua vez, o diretor-geral da rede do grupo Sonae declara que “sendo uma cadeia de proximidade, o objetivo natural é criar uma vasta rede, acessível ao maior número possível de pessoas. Em 2018, já abrimos 28 lojas Meu Super e em 2019 queremos continuar a garantir um crescimento sustentado de cada loja e de toda a nossa rede”.
Quanto às zonas de maior implantação, o responsável do Recheio diz que na rede Amanhecer “o negócio é mais forte no norte, e em zonas não urbanas, mas é no sul que tem crescido mais”.
Quanto à cadeia Meu Super, António Filipe salienta que “as grandes metrópoles têm, naturalmente, uma maior implantação. No distrito de Lisboa já existem mais de 68 lojas e no Porto já contamos com 20 lojas. Nestas zonas existe maior procura e também há uma maior capacidade por parte dos empresários para abrir ou reabilitar novos negócios que correspondam à procura”, mas assegura que “tal não significa que concentremos a nossa atenção e força nos grandes centros. Um dos grandes propósitos do Meu Super é dinamizar o comércio local tradicional e, por isso, é muito importante para nós estar em todo o País, incluindo em zonas mais rurais. Profissionalizar retalhistas tradicionais significa também dinamizar a zona onde a loja se insere, atrair os habitantes locais e fomentar a abertura e desenvolvimento do comércio de rua”.
Sucesso = a localização, mas não só
Sobre as lojas com maior sucesso, os responsáveis apontam vários fatores, com a fonte oficial do Recheio a referir que “o sucesso das lojas depende de outros fatores além da localização, mas são as que se inserem em zonas residenciais, onde conseguem atrair e servir as populações envolventes de forma mais personalizada, que mais se destacam”.
António Filipe diz-nos que “o sucesso está extremamente relacionado com a postura do franquiado e com a sua capacidade de resposta às exigências do consumidor atual. Essas exigências variam de local para local e o franquiado, como cara da sua loja e como contacto próximo com o seu cliente, tem a possibilidade de perceber quais são as necessidades dos habitantes da sua zona”, mas sublinha que, “é claro que as lojas com maior sucesso são aquelas que se situam em locais com maior fluxo pedonal mas, como referido anteriormente, queremos cobrir a maior área geográfica possível, fazendo jus ao nosso caráter de proximidade”.
Para o diretor de ultraproximidade da Auchan Retail Portugal “a questão fundamental que se nos coloca passa pela capacidade em adaptarmos o conceito comercial em função da zona onde a loja se insere, sem desvirtuar o projeto comercial definido para este formato de loja” e especifica: “Qual o perfil de cliente, em cada zona onde estamos implantados? Como responder a esse perfil de cliente? Tratam-se de zonas de população mais idosa ou mais jovem? Uma população em habitação permanente ou mais de passagem? Mais ou menos heterogénea? Estas são as verdadeiras questões que temos de saber responder sem esquecer logicamente a questão da localização, elemento fundamental no sucesso de cada ponto de venda”.
Gestão direta vs franchising
Rui de Carvalho salienta que, para o sucesso da rede My Auchan além do conceito urbano e da sua adaptação à zona e caraterísticas do público é fundamental “juntarmos a tudo isto uma qualidade ímpar das equipas, motivadas, conhecedoras do projeto da empresa e 100% disponíveis para o cliente”. Mas para os responsáveis das duas outras redes o facto de funcionarem em sistema de franchising é o seu grande trunfo.
O responsável do Meu Super defende que “para além desta enorme vantagem da facilidade de acesso, a cadeia Meu Super, por ter um formato franchising, garante um apoio logístico para todos os empresários e empreendedores que queiram aderir à nossa rede, seja através da construção de raiz, seja através da profissionalização do mercado alimentar tradicional” e acrescenta: “Queremos garantir que todos os que aderem à rede Meu Super, possam desenvolver o seu negócio de forma sustentada e com possibilidades de crescimento e garantimos formação contínua, abastecimento assente num modelo logístico eficiente e suporte de backoffice”.
Também a fonte oficial do Recheio considera que “no caso do Amanhecer, destacamos o facto de as lojas manterem total autonomia na gestão do seu negócio, o que lhes confere maior poder de decisão e uma maior personalização e adaptabilidade a nível da oferta e serviço. Ou seja, cada loja é uma loja totalmente alinhada e adaptada à localidade e às populações onde está inserida. O proprietário de cada loja é autónomo e mantém-se como o ‘dono’ da loja”.
António Filipe lembra que “a conjuntura económica atual tem favorecido bastante a adesão à rede Meu Super, potenciando o seu desenvolvimento e crescimento um pouco por todo o País” e acrescenta que a “independência possibilita a personalização de cada loja que, por pertencer ao grupo Sonae, aproveita várias vantagens como produtos de marca própria, folhetos promocionais e vantagens associadas ao Cartão Continente”.