As vendas de Bens de Grande Consumo (BGC) totalizaram na semana 17, de 20 a 26 de abril de 2020, 169 milhões de euros, um aumento de 8% face ao período homólogo de 2019 e depois de ter registado um decréscimo negativo de 1% na semana anterior.
Esta é uma evolução positiva que, de resto, regista um paralelismo no contexto internacional, com a tendência de crescimento de BGC na semana 17 a ser semelhante em Espanha e em Itália.
Na semana em que, apesar das restrições, se deu o início das emissões da telescola destinada a alunos do Ensino, o online manteve crescimentos muito elevados, parecendo confirmar a adesão dos consumidores às compras em canais digitais. O e-commerce apresenta, assim, um crescimento de 244% em número de ocasiões de compra e de 225% em número médio de lares a comprar online Bens de Grande Consumo.
Categorias refletem necessidades dos consumidores
Neste período, a alimentação foi a área de maior crescimento, com um incremento que ascende quase ao dobro do total de BGC, seguida das Bebidas.
Na alimentação, o consumo em casa e os produtos de maior durabilidade continuaram a ser os de maior crescimento nesta realidade de Estado de Emergência. O destaque, com crescimentos acima da média da categoria, vai para as Bebidas Quentes (+47%), dando o Café um forte contributo para este dinamismo, uma vez que os portugueses se mantiveram confinados.
Ainda na alimentação, os Produtos Básicos (+27%) e os Congelados (+26%) apresentaram também crescimentos significativos.
Cervejas/Sidras/Panachés (+15%) e Bebidas Alcoólicas (+10%) impulsionaram o crescimento do total das Bebidas.
Embora o total nos Detergentes e Produtos de Higiene, nesta semana, tenha registado uma quebra, os Acessórios de Limpeza (+55%), os Produtos de Embalagem e Conservação (+28%), a Higiene do Lar (+24%) e os Produtos para a Loiça (+23%) revelam incrementos. Já num quadro de queda notória encontramos categorias associadas à vida fora de casa, seriamente refreada ou interrompida, exemplo dos Produtos para Calçado (-44%) e dos Produtos Solares (-91%).
Como explica Marta Teotónio Pereira, Client Consultant Senior da Nielsen, este período demonstra “a adaptação dos consumidores à vida em quarentena, na medida em que as vendas de FMCG parecem demonstrar a procura para responder a necessidades que se têm vindo a evidenciar ao longo destas últimas semanas”.
A responsável salienta ainda que “a preocupação em assegurar uma alimentação com validade alargada e passível de ser conservada por mais tempo e produtos relacionados com a higiene saltam à vista no topo da lista de compras dos portugueses neste estado de restrição”.
Este fenómeno de regularização encontra-se também visível na tipologia de lojas escolhidas pelos consumidores, “com as lojas de proximidade a apresentar um peso superior ao do período pré-COVID, comprovando que os portugueses procuram soluções mais próximas das suas casas, evitando deslocar-se desnecessariamente”, conclui Marta Teotónio Pereira.