Boa liderança é essencial para gerir stress das equipas
Um estudo recentemente publicado pelo NHS Employers revela que o stress já é responsável por 30% do absentismo nas organizações, com custos que rondam os 452 mil milhões de euros anuais.
Mas afinal, quais são as causas por detrás do aumento dos fatores de stress no local de trabalho e, de que forma, podemos ser melhores na gestão do stress das nossas equipas? Tara O’Sullivan, Chief Marketing Officer da Skillsoft, defende que “muito frequentemente, os comportamentos não favoráveis a um balanço entre a vida profissional e pessoal. Trabalhar muitas horas, estar disponível 24/7 e nunca desligar o telefone tornaram-se normas na cultura das organizações nos anos mais recentes. Isto não é surpresa se pensarmos que empreendedores como Elon Musk é que estabelecem os standards para muitas pessoas”.
Mas apesar do crescimento do stress relacionado com o trabalho, e do aumento exponencial de casos de burnout, agora considerada uma doença pela Organização Mundial de Saúde, a grande maioria das empresas ainda ignora estes casos, ‘esquivando-se’ a prestar o apoio necessário a estes colaboradores.
São vários os estudos que mostram que trabalhar mais horas não significa, necessariamente, maior produtividade. E se assim é, porque é que continuamos a trabalhar tantas horas e a estar sempre ‘ligados’?
Overload de comunicação
Por um lado, o excesso de comunicação a que estamos expostos, em múltiplos canais, obriga-nos a estar hiperconectados e sempre disponíveis. Um estudo recentemente publicado mostra que 41% dos colaboradores respondem de forma imediata a notificações de email e 71% respondem imediatamente sempre que recebem notificações de aplicações de instant messaging, como o WhatsApp. Todos estes ‘apelos’ a responder, de forma imediata, vieram criar nos colaboradores uma sensação de constante urgência e multitasking.
Fomos programados para ‘espreitar’ o smartphone de forma constante, elevando os nossos níveis de cortisol, arruinando qualquer hipótese de concentração e interrompendo os nossos ciclos de sono, uma das maiores causas de ansiedade e stress.
O bem-estar dos colaboradores é uma responsabilidade das organizações
Mas apesar de os números serem cada vez mais claros, são poucas as empresas que já assumem a sua responsabilidade na gestão do bem-estar, e do stress, dos colaboradores. É importante que todo o management, desde o topo à base, entenda o papel que desempenha, tendo a responsabilidade de avaliar e identificar os fatores de stress no local de trabalho, mas também os primeiros sinais de stress nos colaboradores, nomeadamente absentismo, falta de concentração, irritabilidade e até crises de choro.
Para além disso, é essencial acabar com os tabus à volta dos temas relacionados com a saúde mental e deixarmos de idealizar uma cultura de trabalho que promove a necessidade de estarmos sempre ocupados e conectados e em que o stress é visto como a única forma de conseguirmos vantagem competitiva sobre os outros.
Em vez de vermos o stress como um sinal de fraqueza, devemos iniciar uma discussão mais séria sobre as ferramentas que podemos oferecer às nossas equipas para ajudar a gerir o stress. E o exemplo deve começar no topo. O português António Horta-Osório, CEO do Lloyds Banking Group, e Arianna Huffington, fundadora do Huffington Post e responsável pelo movimento Thrive, têm sido dos mais vocais a partilhar as suas histórias de burnout e a tentar acabar com o estigma ainda associado às doenças mentais, contando como a responsabilidade, a privação de sono e os níveis de ansiedade os levaram a atingir uma situação limite e a mudar a perspetiva sobre o que é, afinal, a produtividade e a importância do bem-estar dentro das organizações.
O empenho dos líderes é essencial para a gestão do stress das equipas, seja na análise da carga de trabalho de cada pessoa ou na disponibilização de apoio e recursos que possam ajudar as equipas a diminuir os níveis de stress. Apostar no bem-estar das equipas não só faz todo o sentido do ponto de vista do negócio, como é essencial para melhorar a produtividade. Para além disso, é crucial para a construção de uma boa marca empresarial…