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Confiança no franchisador

Por Infofranchising , Infofranchising - Portugal
05/02/2018

Marinho Graça, franchisado da Exchange, também foi apanhado na crise. Das três unidades da Exchange que tinha, apenas sobreviveu uma, mas o franchisado considera que esta foi uma adaptação necessária à conjuntura do mercado, em que apenas os melhores ficam.

Marinho ouviu falar pela primeira vez da Exchange em 2002, através de um amigo, quando ainda estava a tirar o curso de Engenharia Metalúrgica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Foi a uma feira de franchising, onde falou com os responsáveis da marca e, em 2003, inaugurou a sua primeira unidade no Porto. “Arrancámos com dificuldades, por ser um conceito inovador, porque embora o cliente percebesse a importância da mediação nos seguros, por exemplo, ainda não percebia a mediação financeira”, conta.

No entanto, o negócio corria bem e, em 2007, contava já com três unidades, uma no Porto e duas em Gaia. Mas, a crise internacional bancária de 2008/09 afetou fortemente o negócio: “Fomos afetados por dependermos a 100% da banca para financiar os nossos créditos”, justifica. “Os clientes não paravam de nos entrar pela porta e, de repente, quem vinha não tinha uma boa situação financeira, muitos viam-nos como a sua última solução. Hoje em dia, somos nós que vamos buscar os clientes, o que dá mais trabalho e custa mais dinheiro.”

A rede sofreu várias entradas e saídas de capital entre 2002 e 2016 (atualmente é detida pela Onebiz, Abnsouza e Crowpier), mas, na opinião do franchisado, o negócio começa agora a fluir novamente, “devido a todas as alterações que ocorreram na banca, já que os problemas começaram a ser saneados internamente naquele setor”.

Quanto à perda de duas das suas unidades – resiste a do Porto, agora a operar em Lamego, por pedido do franchisado -, Marinho encara-a como “uma das vicissitudes do mundo”. “Não era problema nosso, nem do master”, afirma. “As entradas de capital e as saídas de franchisados foram necessárias. Quem se manteve estava de alma e coração no negócio e aguentou as alterações”.

Além disso, o empresário destaca que manteve sempre a confiança nos fundadores da rede, com quem sempre teve uma boa relação profissional e pessoal. Afinal, “os negócios são feitos por pessoas e entre pessoas”, diz. António Godinho, da Onebiz, concorda: “A marca é sempre um elemento fundamental e agregador de permanência do franchisado na rede.”

Todos os consultores entrevistados acreditam que o encerramento de uma unidade tem consequências para a marca e que pode dar espaço à concorrência. Ana Martins Correia, da More, explica que o mais importante “é manter a rede motivada e entender quais as reais causas desse encerramento”.

Por outro lado, Nuno Ribeiro, da TeamPartner, afirma que é essencial que a falha não se repita. “O importante é que o acontecimento não tenha repetições. A abertura de novas lojas acaba por fazer mais eco que a perda de uma”.

Se a abertura de uma nova loja tem mais mediatismo que o encerramento de uma unidade, Teresa Macedo Dias diz mesmo que, no caso de grandes redes, os encerramentos podem passar despercebidos: “As pessoas têm memória curta e em Portugal não existe um órgão regulador, como em Espanha, Brasil e em quase todo o mundo, que tenha a indicação de quantas unidades há e onde abriram ou fecharam. No entanto, o franchisador deve estar sempre alerta, e por exemplo, ter poder económico para se um franchisado sair da rede, poder ele próprio assumir aquela zona até aparecer um novo interessado. Porque se fecha, o mercado não perdoa.”

Quando o franchisador não conseguiu atuar preventivamente – algo muito importante, sublinha Bruno Santos, da Trema -, e o encerramento é inevitável, a rede deve lidar com isso da forma mais positiva possível, estabelecendo uma nova estratégia, de preferência com a ajuda de pessoas especializadas nas várias áreas. “Existem métodos e técnicas de gestão de franchising que muitas vezes não são seguidas pelas redes”, aponta o responsável da Trema.

“Pelo lado positivo, podemos afirmar que o ‘insucesso’ pode ser uma excelente oportunidade para um recomeço sem falhas. Depende muito de como cada pessoa/marca lida com a ‘perda’. O meu conselho é que sejam o mais verdadeiros possíveis com a sua rede e reconstruírem a marca em conjunto, para ficar mais forte”, diz Teresa Macedo Dias.

Ler também:

E quando o franchising falha?

Da fruta para o imobiliário

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