Coworking “é o novo verbo” e não, não tem a ver com trabalho!
São já várias as dezenas de projetos deste género em Portugal. Uma opção para pequenos empresários, startups, grandes multinacionais ou até mesmo nómadas digitais. Respiram felicidade, partilha e sinergia: as forças motrizes daquele que não é um conceito novo, mas que tem vindo a ganhar força. Eis o coworking.
Texto: Ana Rita Costa l Fotografia: Rodrigo Cabrita e Natacha Cardoso
Podíamos dizer-lhe que a transformação digital é a principal responsável pelo fenómeno que está a atirar pequenos empresários e até algumas grandes empresas para espaços de trabalho partilhados, mas não. O fenómeno tem muito mais a ver com mobilidade, partilha de competências e felicidade. E como diz Fernando Mendes, fundador do CoworkLisboa e o verdadeiro pioneiro do conceito em Portugal, o coworking, ou “o novo verbo”, não tem nada a ver com trabalho.
Com o coworking os gabinetes deram lugar a open spaces e, no caso do Village Underground Lisboa, a espaços onde o mais importante é a liberdade. Mariana Duarte Silva é um dos melhores exemplos da cena empreendedora que nos últimos anos tem vindo a inundar o país. Em 2008 foi trabalhar para o Village Underground, em Londres, e mais tarde decidiu trazer o conceito para Lisboa. Hoje é constantemente referida nos media internacionais, que têm considerado o Village Underground Lisboa uma das razões pelas quais é impossível não visitar a capital.
“Eu trabalhei no Village Underground em Londres, enquanto lá vivia, e ocupava uma das carruagens de metro do Village para desenvolver o meu negócio, que na altura era uma empresa de agenciamento de artistas de música, principalmente Dj’s de música eletrónica, e organização de festas e eventos em Londres e Lisboa”, conta-nos.
Essas carruagens são hoje parte da paisagem normal da zona Este de Londres, mas em 2007, quando Mariana chega à cidade eram ainda um conceito novo e que levantava sobrolhos. “Tanto eu como as outras pessoas tínhamos muita curiosidade em relação aquilo que estava ali e eu acabei, felizmente, por circunstâncias de viver em Londres e de conhecer uma pessoa que conhecia as pessoas que lá trabalhavam, por ir lá parar. Foi uma feliz coincidência e trabalhei lá durante um ano e meio”.
Foi aí que experimentou pela primeira vez o espírito do coworking e a vontade de trazer o conceito do Village para Lisboa. “Comecei a desenvolver a minha atividade paralelamente com outros artistas, por exemplo de street art, com quem me comecei a relacionar e a organizar uns pequenos eventos, e percebi que estando no mesmo lugar que outros criativos e com outras pessoas proporcionava que eu saísse da minha área de trabalho e criasse mais. E gostei muito dessa sensação de liberdade criativa e de partilhar um espaço com outras pessoas que estão ali também focadas nos seus projetos, mas ao mesmo tempo abertas a fazerem coisas contigo.”
No dia em que volta a Portugal fala com o seu sócio e propõe-lhe fazer algo parecido em Lisboa, um espaço onde vários empreendedores e criativos se pudessem reunir para criar, quem sabe, em conjunto.
“Não me passou pela cabeça por um segundo imitar o conceito de Londres ou fazer parecido. O meu único objetivo era fazer o Village Underground em Lisboa, porque o Village Underground tem uma essência que a mim me diz muito. Felizmente ele aceitou”. E quando decide regressar ao seu país de origem, com este novo conceito no bolso, Mariana Duarte Silva encontra uma Lisboa “completamente fechada”.
“Estávamos no meio de uma crise financeira muito grande. Ninguém queria ouvir falar de coworking ou de indústrias criativas ou de autocarros ou elétricos, portanto foi muito difícil para mim tentar convencer as pessoas que seria interessante dar um passo como este. Mas houve felizmente algumas pessoas que me ouviram, nomeadamente a Carris, a quem mostrei o projeto e imediatamente se interessou e disse que tinha dois autocarros disponíveis para o fazer”, revela.
Conseguir o apoio da Câmara Municipal de Lisboa foi o passo seguinte. Depois de algum tempo a bater às portas erradas, e já depois de ter sido criado um departamento dedicado à inovação e à economia, dirigido por Graça Fonseca, a fundadora do Village Underground Lisboa viu o seu projeto a começar a materializar-se.
“A Graça Fonseca olhou para o meu projeto de outra maneira e abraçou-o com um abraço muito forte e assinámos um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa. Somos até hoje parceiros e eles ajudam-nos em toda a parte de comunicação, da promoção, da impressão dos materiais promocionais e também abrem portas para outros parceiros”, refere. “Através da Câmara Municipal de Lisboa fui parar à Startup Lisboa, que na altura também tinha inaugurado, e nós fomos um dos primeiros projetos a ser incubados lá e a sair de lá com um empréstimo do Montepio, que também fazia parte da Startup Lisboa, com condições melhores. A linha de crédito do Montepio era de apenas 45 mil euros, que era um quarto do que eu precisava para o projeto. Acabou por fazer mais uma linha de crédito para o restante capital de que eu precisava e ficou nos 50% do investimento e os restantes 50% foram capital privado meu e do meu sócio.”
No espaço criado por Mariana não existem os empreendedores típicos. O Village Underground Lisboa é, por excelência, “um espaço de coworking para criativos e pessoas ligadas às artes e à cultura”. Lá estão instalados projetos como a Buzico, produtora de teatro que faz, entre outras coisas, uma mostra de teatro dentro de um dos contentores do Village; a Good Mood, a organizadora do Boom Festival e de outros festivais e projetos ligados à música; e o Contentor 13, programa de televisão produzido para a RTP 2 a partir de um contentor e que vai já na sua terceira temporada.
Sobre a rotatividade, Mariana Duarte Silva revela que “temos residentes fixos desde o primeiro dia, como é o caso da Buzico e do Contentor 13, mas também temos muita rotatividade. Temos agora um contentor que está com uma designer de Londres. Existe rotatividade de pessoas e uma sinergia muito boa entre todos.” É essa sinergia que quem se instala nestes espaços procura. Segundo Mariana Duarte Silva, a isso acresce o facto de o Village Underground Lisboa estar muito longe de ser um espaço tradicional.
“Nós somos também, e essencialmente, um espaço de eventos. Recebemos visitas de escolas, fazemos ‘get togethers’ e somos um espaço muito aberto. Tanto pode haver streaming de DJ’s que estão a ser transmitidos na internet como podemos sair de um contentor e termos uma rampa de skate ou gravações para um programa a decorrer. Há dias em que tu chegas e vais para o teu escritório, mas de repente sais e muitas coisas podem acontecer. É um espaço muito dinâmico e acho que é esse dinamismo que eu a minha equipa tentamos todos os dias que esteja muito presente, porque também inspira. Claro que às vezes existe uma determinada gestão a fazer, porque não deixa de ser um espaço de trabalho”, revela.
Sobre a evolução da cidade, que hoje já não olha para o coworking e para estes espaços com um levantar de sobrolho, Mariana Duarte Silva explica que “estamos perfeitamente integrados na cidade. A cidade agora acolhe-nos e nós trabalhamos com a cidade e sentimo-nos completamente dentro deste hype todo de Lisboa. Lisboa está a bombar e nós estamos a curtir a onda.”
“O nosso negócio de cowork é gerar e criar uma comunidade criativa e proporcionar um espaço de trabalho a alguém que possa realmente pagar a renda. Nós temos aqui pessoas que por trabalharem em ramos culturais que não dão assim tanto dinheiro às vezes passam por dificuldades para pagar a renda, mas nós aceitamos isso como parte do processo. Sabemos que há dificuldades e que há áreas que são mais difíceis de gerar receita. Eu nunca criei isto para fazer dinheiro através do cowork, é impossível, até porque o investimento foi grande. Primeiro que eu consiga pagar isso com os 150 euros por mês…não é por aí. Isto é a nossa comunidade criativa e o cowork é a base do projeto e é o que gera também ter estas pessoas criativas cá. Mas depois realmente o negócio vem dos eventos, assim como em Londres”, acrescenta.
Coworking é também uma forma de combate à solidão
Do lado oposto da cidade, no Parque das Nações, está o IDEIA Hub, um projeto que surge em 2013 pelas mãos de três pessoas de áreas completamente diferentes: as Telecomunicações, o Design e a Psicologia.
João Simões, um dos fundadores e CEO, revela-nos que a ideia de criar um espaço de coworking surge da vontade de “dar o ‘grito do Ipiranga’”. “O IDEIA é o Instituto para o Desenvolvimento de Empresas, Indivíduos e Ambições, e nasce porque queríamos desenvolver o talento das pessoas e foi esse o cerne do projeto. Nós claramente temos as pessoas na base de tudo e começámos a pensar em formar pessoas. E para formar pessoas tínhamos que as colocar em comunidade para haver uma partilha e da partilha chegámos ao conceito do cowork.”
Dos 400 metros quadrados com que começaram em 2014 saltaram para os 1600 que agora têm e contam já com pequenos empresários e freelancers, mas também multinacionais. “Nós temos aqui 150 pessoas, mais ou menos, e temos mais cerca de 100 empresas naquilo que nós chamamos escritório virtual em que têm a domiciliação da empresa e em que nós fazemos atendimento telefónico ou apoio administrativo. Uma das coisas que me alegra bastante é nós termos conseguido, de uma forma orgânica, sermos bastante heterogéneos. Temos pessoas da área do imobiliário, da área dos recursos humanos, produtoras de vídeo, designers, programadores, turismo, business intelligence, contabilidade, advogados, etc. É realmente bastante heterogénea a nossa comunidade”, confessa João Simões.
Mas este crescimento rápido não foi feito de forma solitária. Na altura em que nasce o IDEIA Hub, Lisboa tinha já dezenas de espaços de coworking, uma oferta que João Simões e os outros fundadores nunca consideraram uma ameaça.
“A primeira coisa que nós fizemos foi aprender com o que já existia, não só a nível nacional como internacional. Um dos processos de desenvolvimento do projeto foi exatamente fazer uma investigação e tentar fazer um benchmark para perceber o que se estava a fazer. Fomos a Espanha e a outros países da Europa para perceber o que é que nós queríamos e o que não queríamos para nós. A ideia de vir para aqui para Lisboa teve a ver com duas coisas. Primeiro, a questão do posicionamento geográfico. Não queríamos ir para onde havia uma densidade de outros espaços de coworking, nomeadamente ali a zona da Baixa e de Alcântara. Aprendemos muito e agradecemos muito aquilo que foi a partilha do Fernando Mendes do CoworkLisboa, com quem até hoje mantemos uma relação ótima, mas não quisemos entrar em nenhuma guerrilha com nenhum outro espaço. E depois nós temos um posicionamento que neste momento é único: nós somos um espaço premium, numa localização premium e temos um posicionamento profissional bastante concreto e é isso que também nos tem permitido diferenciar. Somos o maior espaço híbrido, digamos assim”, revela.
Sobre o fenómeno do coworking, explica que tem tudo a ver “com uma forma de estar. É uma forma de trabalhar… Não tem que ser tudo transformado em open space. O coworking é uma forma de estar, é uma forma de relacionar. Se não me falha a memória, existem neste momento em Portugal 42 espaços de coworking, para todos os gostos e feitios, e depende muito daquilo que as pessoas procuram. Nós somos um corporativo informal. Claramente, temos uma infraestrutura premium, desde as telecomunicações, ao conforto do mobiliário, ao design, muito mais clean, muito mais corporativo.”
As motivações dos que ali se instalam, explica, são também muito diversas: “há empresas que não querem ter a preocupação de ter compromissos e prazos de pagamento a longo prazo, esse tipo de compromissos que normalmente são muito invisíveis para os trabalhadores, mas que existem. Nós chegamos, temos um espaço limpo, a Internet funciona e alguém tem que garantir isso e se uma empresa não tiver um espaço desses vai ter que alocar a alguém…Alguns procuram claramente comodidade, há outros que procuram a comunidade e vêm à procura de networking, sobretudo por duas componentes, quer da social quer da de negócio. Há pessoas que estão muito cansadas de estarem isoladas e vêm para estes espaços para conseguirem socializar um pouco. E há pessoas que claramente vêm para aqui com o foco no negócio, o que é saudável. Nós realizamos um almoço mensal, para a comunidade, e o networking acontece de uma forma natural e as pessoas acabam por desenvolver o seu negócio. E sim, valorizam claramente essas sinergias. Há muito negócio gerado entre os coworkers.”
“Acho que a partilha de conhecimentos, seja algo de uma forma formal ou informal, só gera valor para todos nós. Mesmo que aquilo não se traduza em números ou em vendas no final do mês. Mas a verdade é que ao partilharem este espaço, para os colaboradores é bastante mais saudável, porque não estão confinados a um ambiente exclusivo daquela empresa e ajuda-os a serem confrontados com ideias fora da caixa, ao relacionarem-se com outras pessoas, de outras atividades. Ao mesmo tempo pode ser também uma oportunidade. Além de reduzirem custos e otimizarem custos, num espaço destes as empresas têm uma ótima forma de desenvolver o seu negócio. Nós no fundo atuamos como uma plataforma para estas empresas todas e não temos nenhuma outra ambição a não ser continuar a crescer de forma sustentável”, conclui.
Inspiração e maximização das potencialidades do outro são palavras-chave
Entre a primeira vaga daqueles que se lançaram no conceito do coworking em Portugal estava também a Fundação São João de Deus, uma instituição que pertence à Ordem Hospitaleira dos Irmãos São João de Deus. Parece estranho? Tem uma explicação.
Rui Amaral, presidente da Direção da Fundação São João de Deus, conta-nos que “quando se pensa em instituições sociais, habitualmente estas estão muito ligadas a mecanismos como os subsídios. Todas as instituições, ou quase todas, operam desta forma. Há que sustentar toda a atividade num subsídio ou nalgum mecanismo financeiro que ajude a própria instituição a continuar”. Em 2010, três anos depois de ter sido criada, a Fundação São João de Deus começa a olhar para esta dinâmica de outra forma.
Com projetos sociais que estão, sobretudo, ligados à problemática da saúde mental e da promoção do envelhecimento ativo, a instituição social percebeu que tinha que garantir a sua sustentabilidade. Para que não tivesse que abandonar a sua missão e, acima de tudo, para que não tivesse que depender dos subsídios estatais.
“Em 2010, o tema da sustentabilidade veio ao de cima e havia que, de facto, criar esses mecanismos de sustentabilidade porque era importante para a missão da Fundação. O que nós fizemos nesse ano foi trazer para primeiro plano esse assunto. Havia que resolver primeiro o tema da sustentabilidade interna e havia que encontrar mecanismos não ligados ao financiamento público e aos subsídios entregues às instituições sociais. Era preciso procurar um mecanismo que nos desse autonomia e a capacidade de trabalhar de forma suficientemente autónoma”, revela-nos aquele que esteve por detrás da solução encontrada desde o início.
Com património imobiliário nas mãos, a Fundação São João de Deus percebeu que tinha ali a solução que procurava para a sua sobrevivência. “O que pensámos foi a criação de um espaço de cowork, na altura ainda uma novidade aqui em Lisboa. Fomos a primeira instituição social a ter um espaço de cowork à sua responsabilidade, apesar de termos sido o terceiro espaço em Lisboa. Penso que na altura havia apenas um outro no Porto e os outros dois em Lisboa.”
De acordo com Rui Amaral, “o que o cowork acabou por determinar foi um contributo muito forte para que a autonomia da instituição se pudesse fazer sem recurso a subsídios e com total independência em relação aos mecanismos de financiamento público. Isto para nós foi determinante. Se não tivesse sido criado este mecanismo, ainda hoje, provavelmente, estaríamos na mesma posição em que muitas instituições estão, de ter que abdicar da sua missão porque não há meios financeiros. Nós tínhamos a estrutura, os meios para poder desenvolver esta autonomia, havia apenas que criar um instrumento que operacionalizasse e que de alguma forma os fizesse convergir para aquilo que era a nossa missão. Foi isso que fizemos e por isso é que o cowork continua ativo e a decorrer há já seis anos.”
Nascia o Space4U, aquele que é hoje “um ponto importantíssimo para a Fundação São João de Deus” e aquele que na cidade de Lisboa é o que tem um perfil mais marcadamente “solidário”.
“O crescimento do Space4U não aconteceu de um dia para o outro, mas aconteceu de facto de forma muito sustentável e a prova disso mesmo é baixa rotatividade dos coworkers que cá temos instalados. O Space4U não é uma aceleradora de empresas, não é uma incubadora, não é um espaço em que as instituições estão durante um período de tempo muito limitado e depois avançam. Eu diria até que é muito mais um instrumento de interligação entre instituições, para que todas, utilizando recursos comuns possam de alguma forma crescer de forma sustentada”, conta-nos. É por isso que ali estão instaladas outras instituições sociais. “Todas têm valências diferentes, potencialidades diferentes, recursos diferentes, mas a partilha de recursos tem sido uma constante. E essa constância de relações tem criado sinergias de crescimento, para a Fundação e para as outras organizações que estão connosco, o que tem determinado um nível de sustentabilidade muito grande. Hoje em dia, o Space4U é uma plataforma imprescindível na saúde financeira da nossa instituição e é sem dúvida mais do que isso uma plataforma de bom entendimento e até se calhar um bom exemplo de trabalho em rede.”
Segundo o presidente da Direção da Fundação São João de Deus, o Space4U pode também ser visto como “um bom exemplo de como é que instituições com recursos diferentes podem colocar ao dispor umas das outras as suas valências”.
E a palavra que mais marca este exemplo de coworking é sinergia. “Nós aqui temos muitas sinergias, que resultam de forma muito pontual ou muito continuada. Tudo acontece ao sabor daquilo que é a vontade que cada uma das partes. No fundo, se pensarmos que esta orgânica interna tem várias partes, várias empresas e várias instituições, ou até se quisermos pensar numa empresa única, vários departamentos, temos aqui um conjunto de pessoas que trabalham todos os dias pertencendo a organizações diferentes, mas que trabalham em conjunto. Cada uma exerce o seu trabalho, com as suas finalidades, mas na verdade num clima de convergência e respeito. E acima de tudo num clima de crescimento sustentado.”
Sandra Silva, Coordenadora da Delegação de Lisboa da Fundação São João de Deus, revela-nos que foi nesse espírito, de maximização de sinergias, que há três anos atrás decidiram começar a convidar outras instituições sociais para se instalarem no espaço de coworking.
“Fez-nos sentido, até porque já tínhamos aqui a Associação Portuguesa de Celíacos, percebendo também as necessidades que estas têm, em termos de alojamento. Neste momento temos seis instituições sociais connosco, em áreas diversas: temos na área da saúde mental, dos idosos, temos uma pessoa que está também a criar uma instituição ligada à área de seniores e que está aqui a crescer connosco, e depois temos várias empresas”, explica.
Ao todo são 18 organizações, três das quais que ali vivem desde o início. “Aqui a rotatividade das empresas é de facto muito baixa, sendo que no último ano foi um pouco maior porque nós tivemos duas instituições grandes, com quatro pessoas, que saíram, o que fez com que o número crescesse, mas a rotatividade em média é muito baixa. Deve rondar os 20%, se tanto.”
Para Sandra Silva, o coworking poderá representar o futuro do trabalho. “Eu estou cá há três anos, nunca tinha trabalhado num espaço de coworking, e desde que entrei para cá esta forma de trabalho faz-me todo sentido e é, para mim, o futuro. Acho que isto de trabalhamos fechados numa empresa, só nós com a nossa equipa, já não funciona. E nós aqui temos essa experiência. Temos várias pessoas diferentes, quer a nível técnico e académico como pessoal, e acabamos por partilhar experiências.”
“A relação que os coworkers acabam por estabelecer aqui é uma relação muito proveitosa, porque sem necessidade de recorrer a uma consultoria especializada informalmente ocorre nestas relações uma boa utilização das potencialidades de cada um para que todas alcancem o seu potencial máximo”, acrescenta Rui Amaral.
“Acaba por ser uma relação proveitosa e de confiança. O facto de nós estarmos aqui num espaço aberto, à vontade, acaba por funcionar como uma extensão da nossa casa. Nós aqui temos um ambiente muito familiar e estamos verdadeiramente à vontade. Confiamos nas pessoas que estão cá. Portanto eu acho que a transparência, a confiança e as sinergias são os aspetos mais positivos deste modelo de trabalho. E depois esta partilha constante faz com que olhemos uns para os outros e que nos inspiremos uns aos outros”, remata Sandra Silva.
Artigo publicado na edição de agosto/setembro de 2016 da revista NEGÓCIOS & FRANCHISING