Gestão eficiente de lojas
Imagine que na sua loja de retalho têxtil tem uma tecnologia que permite reduzir o out of stocks em 70%, o tempo de inventário em 90% e aumentar as vendas em 13%.
As vantagens desta tecnologia são conseguir ter um inventário online de todos os produtos na loja, sem recurso a equipas; a localização precisa dos produtos na loja, e o controlo dos out of stocks, através de um alerta quando há necessidade de proceder à reposição de um qualquer artigo. No caso da localização, esta pode ser feita pela equipa de loja, através da atualização que a tecnologia faz do backoffice da loja, ou pelo próprio cliente, se a loja preferir instalar um quiosque interativo. “Com este sistema tudo se torna mais automático e a eficiência da reposição aumenta, e por consequência a probabilidade de vendas também”, resume Pedro França, business manager da Surfaceslab.
RFID invertido
A Surfaceslab é uma start up tecnológica, spin off da Creativesystems, empresa que atua na implementação da tecnologia RFID, da Vicaima, líder nacional na produção de portas, em conjunto com o Instituto de Telecomunicações de Lisboa. O seu objetivo é o desenvolvimento, produção e comercialização de superfícies inteligentes, das prateleiras aos pisos, painéis inteligentes ou outro tipo de mobiliário inteligente.
Estas superfícies inteligentes têm capacidade de identificação de objetos através de tecnologia RFID, garantindo um elevado desempenho em espaços confinados. Ou seja, enquanto o RFID HF tradicional permite leituras até aos 5 a 6 metros, esta tecnologia inverte a lógica e usa-o ao nível da proximidade, de forma a ler objetos a 20 ou 25 cm. Desta forma consegue a identificação exata de um objeto numa prateleira, por exemplo.
O projeto iniciou-se em 2008, pela CreativeSystems, em parceria com o Instituto de Telecomunicações de Lisboa, que assegurou o cumprimento dos requisitos técnicos associados ao RFID e HF. No final do ano de 2008, a Vicaima, que já era um cliente da Creativesystems, aderiu ao projeto dando início à fase de prototipagem e industrialização. Em março de 2010 foi feito o lançamento das prateleiras inteligentes da Surfaceslab na CeBIT, em Hanôver. A grande recetividade à tecnologia levou ao início de projetos na Alemanha, Espanha e Países Baixos.
Já o painel inteligente foi recentemente apresentado na Euroshop 2011, em Düsseldorf, conseguindo uma recetividade superior à esperada”, segundo Pedro França. “Tivemos visitas muito interessantes que perspetivam bons negócios, quer no curto quer no médio prazo”.
Piloto no retalho têxtil
O primeiro projeto envolvendo o painel inteligente da Surfaceslab envolve uma marca internacional de retalho têxtil com presença em Portugal, com o objetivo de identificar as roupas penduradas existentes nas lojas.
O projeto teve início em junho de 2010 e a instalação foi concluída em novembro. Com base nos quatro meses de utilização do painel, a marca estima um retorno do investimento de cerca de 10 a 11 meses.
Satisfeito com este resultado, que considera “uma garantia da continuidade da aplicabilidade das soluções”, Pedro França admite que, para já, esta é uma solução de vanguarda e direcionada para marcas com alguma dimensão e que o retorno será sempre mais rápido em marcas que tenham mais de 10 lojas e que já usem o RFID. “É tudo uma questão de escala, de forma a diluir o custo por toda a cadeia, da distribuição até às lojas”.
De acordo com o business manager da Surfaceslab, os resultados do painel inteligente traduzem-se, de uma forma geral, numa redução de out of stocks de 67 a 70%, de tempo de inventário no caso dos pendurados em 90%, e de aumento das vendas dos produtos pendurados junto aos painéis da ordem dos 13%.
No caso das prateleiras inteligentes existem projetos implementados em várias empresas da indústria, retalho e serviços. Os resultados variam bastante consoante os setores, mas é possível afirmar que “o aumento de vendas aumenta entre os 4% e os 21%, o rigor do inventário atinge os 99,9%, a redução dos out of stocks varia entre os 60% e 80% e a redução de perdas (por roubo ou expiração da data de validade) alterna entre 40 a 60%”.
Pisos interativos
Um exemplo de aplicação de pisos inteligentes é a loja da Fly London Shoes, em Lisboa, que permite experiências interativas com o cliente. “Ao experimentar um determinado sapato, caminhando nesse piso, de 3 por 6 metros, a pessoa é filmada em tempo real e colocada num cenário virtual, na cidade em Londres, Nova Iorque ou Tóquio”, explica Pedro França.
Na Euroshop, a solução de RFID global aplicada nas sapatarias Fly London foi distinguida pelo Instituto Europeu do Retalho, com o prémio Retail Award, na categoria Best Entreprise Solutions, distinguindo assim o consórcio Creativesystems, Surfaceslab, Centro Tecnológico de Calçado e INESC Porto.
Nos pisos inteligentes as vantagens prendem-se sobretudo com a satisfação do cliente, através de experiências interativas, e também com a recolha de informação útil para a área de marketing, por exemplo saber quais os sapatos mais experimentados.
“Hoje existe uma lacuna de informação sobre o que se passa dentro da loja, é uma autêntica caixa negra”, explica Pedro França. “Sem a nossa tecnologia os retalhistas não têm dados concretos sobre o movimento dentro da loja, mas apenas sobre o que passa do armazém para a loja e depois sobre o que sai da loja, via vendas”.
Com as experiências interativas, a Surfaceslab tem vindo a verificar aumentos de vendas entre os 19% e os 27% por ticket, “pois sabemos exatamente que artigos foram experimentados”.