Num cenário em que os desafios sociais são cada vez mais complexos e exigem respostas sustentáveis e eficazes, as Organizações Não Governamentais (ONGs) enfrentam o desafio constante de expandir as suas ações mantendo a qualidade e o impacto das suas iniciativas. Nesse contexto, o franchising social surge como uma abordagem inovadora e eficaz para ampliar a escala de intervenção e fortalecer comunidades desfavorecidas.
O franchising social utiliza os princípios tradicionais do franchising comercial, adaptando-os à realidade e aos objetivos sociais das ONGs. Este modelo possibilita replicar rapidamente iniciativas bem-sucedidas, promovendo simultaneamente a autonomia económica das comunidades beneficiadas e a sustentabilidade financeira das organizações sociais. Trata-se de um método prático que combina o espírito empreendedor com a missão solidária, criando uma rede de parceiros que partilham os mesmos valores e objetivos.
Um dos exemplos mais impactantes deste modelo é o projeto “Mercado Fresco”, implementado na Nicarágua pela Supply Hope. Este franchising social estabelece pequenas mercearias geridas por mulheres empreendedoras em comunidades carenciadas, proporcionando alimentos frescos e acessíveis, gerando emprego local e fortalecendo a economia comunitária. O modelo de franchising permite replicar rapidamente o sucesso inicial, criando múltiplos pontos de impacto que beneficiam milhares de famílias.
Outro caso notável é a rede Hapinoy, nas Filipinas, que transformou pequenas lojas locais em franquias sociais altamente eficazes. Estas lojas não apenas fornecem bens essenciais a preços justos em regiões remotas, como também capacitam microempreendedores locais através de formação em gestão e negócios. A rede cresceu significativamente desde o seu lançamento, mostrando claramente como a replicação de um modelo validado pode amplificar significativamente o alcance social.
Na esfera da saúde feminina, destaca-se o exemplo da marca Petal, da WSV. Através deste franchising social, são criadas microempresas locais que produzem e distribuem produtos de higiene menstrual a preços reduzidos, acompanhados de ações educativas sobre saúde feminina em escolas e comunidades vulneráveis. Este modelo não só promove a saúde e bem-estar das mulheres, como também gera emprego e capacitação económica, combatendo simultaneamente o preconceito e a desinformação.
Outro excelente exemplo, o “Right Light”, também desenvolvido pela WSV, utiliza o franchising social para levar iluminação solar acessível a comunidades rurais sem acesso à rede elétrica convencional. Este projeto tem um impacto direto na melhoria da qualidade de vida, promovendo segurança, educação e oportunidades económicas ao permitir que atividades possam decorrer mesmo após o pôr do sol.
Na Europa, especificamente no Reino Unido, a rede Trussell Trust Foodbank exemplifica claramente o potencial do franchising social no combate à insegurança alimentar. A rede, organizada através de franquias locais, distribui alimentos de emergência e oferece apoio especializado para superar a crise económica ou social enfrentada pelos beneficiários. Este modelo eficazmente mobiliza recursos locais, voluntários e empresas parceiras, criando uma forte rede comunitária de suporte.
Em Portugal, ainda que o conceito de franchising social esteja numa fase inicial, o potencial é inegável. As ONGs portuguesas têm muito a beneficiar ao adotar este modelo, especialmente devido à capacidade deste sistema em mobilizar rapidamente parceiros locais, replicar iniciativas bem-sucedidas e maximizar o impacto social de maneira sustentável.
Para que o franchising social ganhe força em Portugal, é essencial sensibilizar e formar os líderes das ONGs para as vantagens e desafios deste modelo. Investir em capacitação e promover parcerias internacionais pode ajudar na transição e implementação de projetos inovadores, adaptados às necessidades específicas das comunidades locais.
Em resumo, o franchising social representa uma grande oportunidade para as ONGs ampliarem os seus impactos, atingindo mais beneficiários com soluções testadas e eficientes. Ao aliar o empreendedorismo à responsabilidade social, este modelo não só melhora significativamente a qualidade de vida nas comunidades mais desfavorecidas como garante a sustentabilidade a longo prazo das intervenções sociais.
Cristina Matos é CEO da APF – Associação Portuguesa de Franchising. Lidera o projecto do Infofranchising, com muitos anos de experiência na área de franchising e negócios, garantindo uma visão estratégica sólida e inovadora.
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