Pandemia desencadeou procura por inovação
O novo estudo global da Accenture indica que a pandemia da Covid-19 mudou a forma como as pessoas vivem, trabalham e socializam, acelerando a procura por inovação. Depois de um ano de confinamento, 95% dos inquiridos indicaram que fizeram pelo menos uma mudança, que acreditam ser permanente, no seu estilo de vida.
Trabalhar em casa, mudanças nos padrões de viagens e o desejo crescente de comprar localmente são algumas das mudanças no comportamento que, provavelmente, se manterão a longo prazo, revela a Accenture, em comunicado.
“A onda de alterações causadas pela pandemia vai continuar a sentir-se durante algum tempo e é uma ilustração poderosa da necessidade, das empresas das indústrias de consumo, de serem ágeis, resilientes e adaptáveis à mudança”, disse Oliver Wright, senior managing director e head of global consumer goods industry group da Accenture.
“Do desastre e da necessidade, surge a oportunidade; a pandemia gerou uma nova onda de inovação. Enquanto as empresas repensam a fundo modelos de negócio que gerem crescimento, muitas estão a usar recursos analíticos avançados para identificar, responder e direcionar a tendências de consumo, em constante mudança. Por exemplo, a cervejeira britânica Brewdog respondeu com agilidade e criatividade durante toda a crise – começou a produzir desinfetante para as mãos, criou bares virtuais, montou o Brewdog Drive-Thru e adaptou espaços físicos para criar, com a Desk Dog, espaços de trabalho cowork”, explicou o responsável.
Mudanças nos hábitos de consumo
O estudo mais recente indica que as descobertas divulgadas anteriormente pela Accenture, de que o aumento significativo no e-commerce, provavelmente, se manterá ou acelerará ainda mais. Por exemplo, a proporção de compras online de produtos como comida, decoração, moda e artigos de luxo, feitas por pessoas que antes eram utilizadores pouco frequentes de e-commerce – que se definem como aqueles que, antes da pandemia, usavam o online para menos de 25% das suas compras – aumentou 343% desde o início da mesma.
Jill Standish, senior managing director e head of global retail industry da Accenture afirma que: “Os principais retalhistas foram rápidos a adaptar-se ao crescimento do e-commerce e estão a usar a tecnologia para servir os seus clientes de novas formas. Muitos adotaram tecnologias disruptivas, como realidade aumentada, para recriar a experiência em loja e ajudar os compradores a visualizar melhor uma sala de móveis ou uma peça de roupa, enquanto outros transformaram lojas fechadas em centros de abastecimento, agora equipados com tecnologias de picking and packing”.
O nascimento do ‘terceiro espaço’
A pandemia levou a que surgisse um desejo de flexibilidade na forma e no local de trabalho. Mais de três quartos (79%) dos entrevistados disseram que gostariam de trabalhar ocasionalmente num ‘terceiro espaço’ – um local diferente da sua casa e do seu local de trabalho – e mais de metade disse que estaria disposto a pagar até cerca de 80 euros por mês, do seu próprio bolso, para trabalhar num café, bar, hotel ou retalhista com um espaço próprio para o efeito.
O desejo de trabalhar a partir de um ‘terceiro espaço’ é acompanhado por uma mudança de atitude em relação às viagens de negócios. Metade (46%) dos entrevistados afirma não ter planos de viagens de negócios após a pandemia ou pretender cortar a anterior frequência de viagens de negócios para metade.
“A pandemia forçou um ‘pragmatismo criativo’, especialmente junto das empresas de viagens e turismo, que lutam para encontrar fontes de receita adicionais durante a crise”, afirma Emily Weiss, managing director e head of global travel industry group da Accenture. “Alguns hotéis transformaram os quartos em restaurantes pop-up, enquanto outros experimentaram oferecer escritórios temporários aos clientes que procuravam um terceiro espaço ’para trabalhar”.
Sobre o estudo
Os inquéritos do estudo COVID-19 Consumer Research da Accenture foram realizados de 28 de novembro a 10 de dezembro de 2020 e de 25 de fevereiro a 5 de março, a 12.487 e 9.653 consumidores, respetivamente, em 19 países dos cinco continentes: Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Rússia, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, EUA.