A microfranquia tem sido a opção de muitos empreendedores, devido aos baixos investimentos e ao apoio por parte dos franchisadores.
O autoemprego foi a solução que muitos portugueses encontraram em altura de crise para ultrapassarem situações inesperadas de desemprego. A maioria tinha habilitações e/ou experiência e uma idade já difícil para entrar no mercado de trabalho e conseguir remunerações que lhe permitissem manter o nível de vida das suas famílias, pelo que a criação da sua própria empresa apareceu como a única solução possível.
Foi o caso de Francisco Rego, da Charib Diamante: “em 2007 encontrava-me no desemprego, depois de trabalhar 25 anos numa empresa emblemática de Viana do Castelo que encerrou a sua atividade. Tinha, nessa altura, 50 anos e sentia muita vontade de continuar a trabalhar. A minha experiência profissional tinha sido como chefe vendas, no entanto, não coloquei de parte a possibilidade de alterar a atividade profissional”.
O franchisado da Charib explica que “depois de analisar várias áreas de negócio, cheguei à conclusão que havia em Viana do Castelo a necessidade de ir ao encontro da satisfação dos vianenses, na área da administração de condomínios, um negócio que sofria de vários problemas, como desorganização, falta de conhecimentos, credibilidade, formação e, o mais grave, a falta de regulamentação por parte do estado para exercer esta atividade empresarial”.
Já José Soares, franchisado da Chaviarte na zona de Santarém, conta à NEGÓCIOS & FRANCHISING que “a ideia de criar a minha própria empresa já vinha a ser pensada há muito tempo, mas por diversos motivos vinha a ser adiada, ou porque estava a acabar a licenciatura, ou porque nasceu o meu filho, depois a minha filha, até que surgiu a oportunidade – um amigo tinha três lojas e falou-me da Chaviarte, fiz um estudo de mercado, havia um local onde já tinha existido uma empresa do género e a procura pelos serviços era muito grande, como não gosto de perder boas oportunidades, lancei-me de cabeça”.
Para Frederico Matos a adesão à rede Comer em Casa foi a solução para uma situação de desemprego. “Sou engenheiro civil de formação e sempre trabalhei na área. Em determinada altura a minha vida sofreu uma reviravolta e fiquei desempregado. Sair do País não era para mim uma opção pelo que resolvi pesquisar quais os negócios emergentes nos quais me poderia enquadrar”, explica, adiantando que “a opção pela adesão a uma rede de franchising prendeu-se pela falta de experiência na área de gestão, garantindo desta forma o apoio de uma marca com experiência e sucesso comprovado no mercado que me pudesse auxiliar numa fase inicial na implementação do negócio e na gestão do dia-a-dia”.
Franchising é uma excelente opção
José Soares considera que “lançou-se agora uma moda onde nos querem fazer acreditar que todos podem ser empresários. É mentira, no momento de crise que atravessamos, com as dificuldades que existem em obter crédito e com as grandes empresas a posicionarem-se onde existem boas possibilidades de ganhar dinheiro, torna-se difícil a qualquer pessoa tornar-se empreendedor ou empresário, mesmo na vertente micro, as responsabilidades a que estamos obrigados, são iguais às das grandes empresas, sendo que os lucros são micro e as responsabilidades avassaladoras, é um completo suicídio esta ideia. Desta forma, a única possibilidade que existe é o franchising, pois os conceitos estão criados, muitos estudos e parcerias já estão feitos, a fórmula está criada e apresenta resultados”. Todavia, o franchisado da Chaviarte alerta “mesmo assim, recomendo a todos que pensem muito bem antes de avançarem e convém ter noção que acabaram as férias, acabaram os fins-de-semana, ser empresário é a tempo inteiro”.
José Soares defende ainda que “seria muito importante existir menos impostos para as microempresas, de forma a possibilitar que as mesmas cresçam e se transformem em grandes empresas, o que é muito difícil com a pesada carga fiscal que temos que cumprir neste momento. Seria bom para todos e criar-se-iam mais postos de trabalho”.
José Meireles, franchisado da Accive Insurance em Lousada, considera igualmente que “o microfranchising é sem qualquer sombra de dúvida uma excelente opção para criação do próprio emprego, sobretudo pela adoção desde o início de uma marca já com nome firmado no mercado, mas também com metodologias de trabalho pré-definidas, formação inicial e contínua, que permitem começar a trabalhar quase no ‘imediato’”.
Nuno Lopes, que detém três zonas House Shine na região de Lisboa, considera igualmente que “o microfranchising é uma boa opção para criar o seu próprio emprego para quem tem um perfil empreendedor” e acrescenta que “existe sempre vantagem em aderir a uma rede de franchising porque podem sempre apoiar com uma formação continua e porque já têm todo know how do negócio e mercado”.
Mesmo para quem já é empresário, o franchising traz vantagens. “Era um empresário em nome individual desde que me lembro de ter atividade profissional. Foi uma evolução natural a criação de uma empresa, também motivada pela forte crise económica e pelos muitos apelos ao empreendedorismo, queria fazer mais, queria criar emprego”, diz-nos Bruno Ricardo da Ideal Electricista Açores. “Por solicitação do meu sócio Pedro Sousa optámos por aderir a uma rede de franchising, na altura pareceu-nos o melhor caminho. No dossier de franchising a Nbrand [franchisador da marca] mostrava-se forte nas áreas onde podiam estar as nossas fragilidades, marketing e parcerias nacionais, o que nos motivou a franchisar a Ideal Electricista”.
Para Mário Saraiva, franchisado da Husse em Lisboa há oito anos, a adesão ao conceito deveu-se à “mais-valia de trabalhar em rede com o apoio que um sistema de franchising pode proporcionar. O conceito e o know how ser transmitido após ser testado e provada a sua viabilidade”.
O bom e o mau de trabalhar em casa
O franchisado da Husse salienta que “temos a mais-valia de não perder tempo em deslocações casa-emprego e de apenas precisar do telefone e do computador para efetuar todas as operações necessárias. Fazer da nossa casa a sede da empresa é uma opção financeiramente interessante e permite gerir melhor o nosso tempo. Por outro lado, o aluguer de espaços comerciais e escritórios são um peso financeiro a evitar no arranque da criação do próprio emprego”. Mário Saraiva considera que “um pequeno negócio que possa ser gerido a partir de nossa casa tem também a facilidade de podermos conjugar com outras tarefas que necessitam da nossa atenção em casa. Significa também ter uma rotina mais flexível e equilibrar melhor a vida profissional e familiar”. Mas, avisa: “a possibilidade de falhar é elevadíssima e, é preciso estar preparado para trabalhar sozinho. O isolamento é uma das maiores desvantagens desta opção. É importante combater este risco. Manter o contacto regular com amigos e profissionais mantém o empreendedor atualizado e é uma forma de quebrar o isolamento subjacente à decisão de gerir o negócio em casa”.
Frederico Matos, da Comer em Casa salienta que “dependendo do risco, penso que o microfranchising é a opção ideal para quem precisa de criar o seu próprio emprego, uma vez que estamos a entrar num negócio com metodologias comprovadas, e acrescenta: “como desvantagem apenas vejo que por vezes poderá existir alguma falta de autonomia para a implementação de políticas que pensamos se adequarem à nossa realidade. No meu caso tive a sorte de encontrar uma marca aberta a novas sugestões e a pensar de forma global, mas a agir de forma local”.
A escolha da rede
Franchisado da marca desde 2010, Frederico Matos revela que “foram três os aspetos que me levaram a optar por esta marca: investimento inicial baixo (cerca de 4.000€ chave na mão); não necessitar de ter um escritório ou loja, evitando assim custos fixos, que a marca suporta centralizando toda a infraestrutura; e pagar de royalties um valor percentual das vendas, entrando deste modo numa situação de win2win, pelo que sabia que a marca tudo faria para que a minha empresa fosse um sucesso pois, só assim conseguiria ter retorno com a minha franquia”.
Luís Rodrigues, franchisado da Central Menu há quatro anos, lembra que “é importante analisar bem a empresa de franchising que se pretende aderir, pois tem muita influência no sucesso posterior do empreendedor. Ter atenção aos contratos de franchising é outra das questões que deve ser analisada com muita atenção, para que o franqueado não fique totalmente dependente do master”. E refere que “as vantagens principais, no meu entender, são a passagem de know how da marca, formação continua ao franchisado e sua equipa, inovação e apoio constante”. O franchisado que tem duas zonas da Central Menu em Lisboa diz ainda que, “no entanto, pode haver algumas desvantagens, visto que o franqueado fica dependente das estratégias do master para fazer progredir o seu negócio, o que pode ter um impacto negativo, no caso de aplicação de estratégias que não se enquadrem corretamente com o mercado e as necessidades das franquias”.
Cecília Ventura abriu a sua loja Botaminuto em Lagoa há apenas um mês, mas explica que “optamos por um franchising pelo facto de ser mais fácil para quem ainda nunca teve uma atividade aberta, tivemos ajuda em tudo, na abertura, nos fornecedores, sistema de faturação, tudo mesmo”. A franchisada adianta que “tivemos também oportunidade de ter formação, eu pessoalmente em todo o tipo de serviços feitos na loja, e o meu companheiro também já sendo experiente no ramo, teve a oportunidade de ter formação com ótimos profissionais na loja Security, na Falagueira, e assim podermos incluir mais serviços na nossa loja na área de segurança”.
Sobre a escolha da Botaminuto, Cecília Ventura diz: “porque sentimos que não é uma simples loja, pode-se ir muito mais além, como na área da segurança e outros serviços também incluídos no Casaminuto, que em breve terei disponível também na nossa loja. Por isso, mas também pelo ambiente de família e espírito de equipa, e por ser uma empresa em grande crescimento”.
‘A minha marca sou eu’
Gabriel Guimarães, refere que “por muito bons que sejamos naquilo que fazemos, conquistar o mercado sem sermos conhecidos demora muito tempo. Uma marca como o Querido Mudei a Casa Obras abre portas para podermos competir com os melhores e sermos vistos constantemente no ativo, além da credibilidade e confiança que transmite ao cliente”. Assim, o franchisado da QMAC-Obras salienta que “é difícil criar uma marca conhecida, obviamente que o objetivo de aderir a esta marca de franchising passa também por alargar a minha carteira de clientes. Atualmente as pessoas pedem o Querido Mudei a Casa Obras e passam a conhecer o ‘Gabriel’, a minha marca sou eu. Depois temos de ir construindo a marca através do trabalho que desenvolvemos e do serviço que prestamos. Este caminho irá fazer-me crescer aos poucos entre a abundante concorrência que existe”.