O setor nacional da restauração em franchising continua a ser dominado pelos mesmos players de mercado. 2017 foi um ano de crescimento para as marcas, mas muitas acreditam que 2018 pode ser ainda mais positivo.
Líder indiscutível do ranking da restauração há já alguns anos, a McDonald’s volta a ocupar o lugar cimeiro na lista de 2017, com um total de 155 unidades, 135 das quais franchisadas.
“Acreditamos que este prémio é um reconhecimento da liderança responsável e do valor acrescentado pela McDonald’s e pelos seus 39 franquiados, bem como o reconhecimento do progresso e evolução da marca em Portugal. É o próprio sistema de franquia e a relação de proximidade, parceria e confiança que temos nos nossos franquiados que faz da McDonald’s um caso de sucesso a nível de sistema de franchising”, diz Vítor Oliveira, diretor financeiro da rede em Portugal.
O responsável da McDonald’s garante que 2017 foi um ano de grandes novidades para a marca: “Foi um ano em que continuámos a dinamizar os nossos serviços de modo a correspondermos às expectativas dos nossos consumidores. Procurámos continuamente tornar mais fácil e agradável a experiência de refeição – alargando os horários, abrindo 24 horas, implementando o serviço à mesa, o pagamento por contactless, as caixas automáticas para a realização dos pedidos em todos os restaurantes (com sala), bem como através do lançamento do serviço McDelivery numa área de Lisboa. Estamos a evoluir e a acompanhar as necessidades dos nossos consumidores oferecendo-lhes novas oportunidades de escolha”, explica Vítor Oliveira.
Outra novidade introduzida em 2017 foi o programa de fidelização digital MLovers, no qual os consumidores acumulam pontos pela compra de produtos que depois podem trocar por outros produtos e/ou experiências. Ao longo do ano, a marca inaugurou ainda nove novos restaurantes: “Apostámos em novos conceitos com o lançamento do quiosque de gelados, com a abertura de três quiosques em Portugal. Continuámos a nossa estratégia de adaptação aos gostos locais, com a aposta na inovação em produtos diferenciadores para todas as ocasiões de consumo, incrementando os ingredientes locais e a parceria com fornecedores nacionais.”
No caso concreto do setor da restauração, tem-se assistido a uma forte aceitação de conceitos e produtos inovadores, com muito valor acrescentado, e que respondem a uma tendência de consumo com maior respeito por uma adequado equilíbrio nutricional.”
E, depois destas novas adições, a marca não vai descansar sobre os seus louros em 2018: “Em 2018, vamos continuar a investir em Portugal e apostar na estratégia que temos vindo a desenvolver, através da abertura de novos restaurantes, na criação de emprego e no estabelecimento de mais parcerias com fornecedores nacionais.” A média de aberturas por ano, acrescenta o responsável, irá ser de cinco unidades por ano.
Sublinhando que a McDonald’s é, desde a sua entrada em Portugal, há quase 27 anos, uma marca global mas de relevância local, o diretor financeiro da cadeia de restauração diz ainda que o foco se vai manter na inovação. “O setor está em crescimento, muito devido ao turismo, que tem estimulado positivamente o setor. Existem novos conceitos a surgir diariamente, muito impulsionados pelo atual contexto socioeconómico.”
Por outro lado, o perfil de consumidores também tem vindo a mudar. Este é um cliente “mais racional, mais conectado e que exige cada vez mais dos produtos que consome e das empresas”. Para o diretor financeiro da McDonald’s, “há uma maior preocupação com a gestão do orçamento familiar, a origem e a sustentabilidade dos alimentos. O consumo é agora menos impulsivo e mais ponderado e a experiência é cada vez mais valorizada”.
Aposta na internacionalização
Mantendo o seu segundo lugar no ranking, a rede de lojas de vending Grab&Go continuou a crescer em 2017, um desempenho que se deve “a todo o trabalho, entrega e dedicação da nossa equipa e dos nossos franchisados para a criação de uma marca cada vez mais reconhecida”, sublinha o responsável da rede, Vivaldo Caseiro.
A Grab&Go tem planos para inaugurar 20 novas lojas por todo o país este ano, para além de apostar no reforço da comunicação e presença de marca e no investimento “na qualidade da experiência no momento de compra pelo cliente em loja”. Outra das apostas passa ainda pela internacionalização, com a abertura prevista de unidades em França e na Alemanha.
Cada abertura exige um investimento que ronda os 30 mil euros (mais IVA) para uma loja de tamanho médio, mas Vivaldo Caseiro salienta que os interessados são cada vez mais jovens. “O facto de ser uma loja que fatura 24 horas por dia e não exigir grande dedicação torna este um negócio interessante para este tipo de cliente.”
A fechar o top três do ranking da restauração está outra marca bem conhecida em solo nacional, a Telepizza, que manteve a posição, seguida pela Weeel, em quarto, que escalou desde o nono posto, uma das poucas mexidas no ranking. Em quinto está a Burger Ranch, que manteve a sua posição face ao ranking de 2016, com 22 unidades, 17 das quais franchisadas.
Em sexto, também no mesmo lugar que em 2016, encontramos a Nata Lisboa, com 20 unidades, todas franchisadas. “A rede Nata Lisboa tem assegurado, ao longo dos seus cinco anos de existência, uma crescente posição no mercado graças a uma aposta consistente na qualidade da sua oferta e num posicionamento de marca com uma visão internacional”, garante João Cunha, responsável da rede. “O nosso produto estrela é o pastel de nata, mas temos tido a capacidade de inovar em diversos segmentos de consumo, fortalecendo a oferta e a satisfação dos nossos clientes.”
Os resultados falam por si: para além da abertura de novas lojas em Portugal e no estrangeiro, a rede encerrou 2017 com um volume total de negócios na ordem dos seis milhões de euros, um crescimento de cerca de 30% face ao ano anterior.
Quanto a este ano, a rede quer continuar a consolidar a sua liderança no segmento das cafetarias, “apostando no lançamento a nível nacional de conceitos inovadores de produto, na expansão da marca para o sul do país e continuando a apostar na internacionalização”. No primeiro trimestre de 2018, a Nata Lisboa tem já três aberturas previstas em Portugal – em Aveiro, Loulé e Faro -, para além de uma nova unidade na Alemanha.
Gestão mais apertada
“No caso concreto do setor da restauração, tem-se assistido a uma forte aceitação de conceitos e produtos inovadores, com maior valor acrescentado, e que respondem a uma tendência de consumo com maior respeito por um adequado equilíbrio nutricional. Esta forte tendência, quer por parte do consumidor nacional quer pelo cada vez mais notório consumo turístico, tem sido o driver [impulsionador] da nossa marca numa linha orientadora de inovação dentro da tradição, não fosse o pastel de nata a nossa grande estrela”, diz João Cunha, mencionando ainda que a descida do IVA na restauração também desempenhou um papel significativo.
O perfil de consumidores também tem vindo a mudar. Este é um cliente mais racional, mais conectado e que exige cada vez mais dos produtos que consome e das empresas”.
Tal como a Nata Lisboa, a marca Subway manteve o seu lugar no ranking de 2017, em sétimo, assim como a Armazém do Caffè, em oitavo, com 17 unidades, 15 das quais franchisadas. Segundo Hélder Silva, managing director da rede, 2017 “foi um ano estável e sem grande crescimento”. Contudo, apesar da abertura de uma unidade e do encerramento de outra, a faturação global da marca aumentou 20%. Por isso, em 2018, a Armazém do Caffè tem já prevista a abertura de dez lojas (em vários locais do Porto e Lisboa, e ainda em Vila do Conde, Coimbra, Aveiro e Figueira da Foz) e pretende ainda expandir-se internacionalmente, com a abertura da sua primeira loja em Vigo, Espanha.
“Em 2018 iremos apostar numa estratégia de gestão das unidades diferente e mais ‘apertada’. Dada a procura que temos tido, acredito que iremos ter muitas unidades em breve e, por isso, teremos que nos ajustar ao aumento de volume de vendas, principalmente na nossa produção”, revela o managing director.
O ranking de 2017 encerra com duas novas entradas, a da 100 Montaditos, no nono posto, e a da Woody’s Waffles Shop, em décimo, com 11 unidades, todas franchisadas. A marca bracarense, criada em 2013, atribui o seu sucesso ao trabalho dos seus franchisados e da sua equipa, que “trabalham diariamente para que a inovação e criatividade estejam presentes em tudo o que fazem, desde os produtos ao atendimento o mais personalizado possível”, explica Eduardo Gonçalves, master da rede.
Com uma taxa de crescimento de 50% comparativamente a 2016, o principal desafio da Woody’s no ano passado foi adequar os seus processos a nível do franchising à crescente procura, quer de franchisados (atraídos não só pelo conceito da marca, como pela sua política de zero taxas e royalties), quer de clientes finais. A rede abriu cinco novas lojas em 2017 e quer continuar a sua expansão em 2018, em zonas como Lisboa, Aveiro e Açores, para além de continuar o seu trabalho em Braga, Viana do Castelo e Barcelos. “Não deixando, claro, de parte todas as outras zonas do país, que serão trabalhadas com todos os possíveis franchisados”, conclui o master.