Saiba porque deve criar uma cultura de empatia na sua empresa
No discurso que deu no encerramento do ano letivo de 2017 do MIT, Tim Cook, CEO da Apple, avisou os recém-formados: “As pessoas vão tentar convencer-vos que devem deixar a empatia de fora da vossa carreira. Não aceitem essa falsa premissa”. Mas Tim Cook não está sozinho na defesa da importância de partilhar e compreender as emoções dos outros. De acordo com o estudo ‘2019 State of Workplace Empathy’, 20% das empresas nos EUA já oferecem formação de empatia para as suas equipas de management e 80% dos cerca de 150 CEO inquiridos reconhecem que a empatia é essencial para o sucesso.
As culturas organizacionais onde se promove a empatia tendem a ser mais colaborativas, menos stressantes e mais felizes, com os colaboradores a recuperar mais rapidamente dos momentos difíceis. Ainda assim, são muitos os líderes que admitem sentir dificuldade em fazer com que a empatia, a solidariedade e a preocupação com o outro façam parte da sua cultura.
Jamil Zaki, professor de Psicologia na Universidade de Stanford, nos EUA, e autor da obra ‘The War For Kindness: Building Empathy in a Fractured World’, explica à Harvard Business Review que quando “as normas e os ideais entram em choque, as pessoas tendem a gravitar para aquilo que os outros fazem e não para aquilo que lhes dizem que devem fazer”, razão pela qual os líderes devem ser os primeiros a dar o exemplo.
Na obra ‘The War For Kindness: Building Empathy in a Fractured World’, o especialista demostra que “as pessoas não se conformam só aos comportamentos dos outros, como também tendem a aderir a normas relacionadas com amabilidade e produtividade. Por exemplo, depois de verem os outros votar ou fazer donativos para uma organização de solidariedade, as pessoas têm mais tendência para fazer o mesmo. A minha investigação mostra que a empatia é contagiante: as pessoas ‘apanham’ a gentileza e altruísmo que veem nos outros.”
Como criar uma cultura de empatia?
Segundo Jamil Zaki, é importante reconhecer o potencial de crescimento. “Quando as pessoas olham para a empatia como um traço de personalidade que se tem ou não, a empatia parece algo inalcançável. Se não podemos aprender algo, porque é que havemos de tentar?” O professor de Psicologia explica também que as pessoas que têm este mindset tendem a esforçar-se menos para se conectarem aos outros. A boa notícia é que os mindsets podem ser mudados. E o primeiro passo para sermos mais empáticos é reconhecer que esta é uma competência que pode ser aprendida.
Os líderes devem esforçar-se para explicar a forma certa de atuar. E muito poucas vezes as vozes mais audíveis são as mais empáticas, contudo, ao dominarem as discussões podem mudar a nossa perceção sobre o tema. “Os líderes podem chamar a atenção para os comportamentos certos. Seja em que altura for, alguns colaboradores vão agir de forma empática quando os outros não o fazem. Alguns trabalham em conjunto e outros competem. E a empatia, muito frequentemente, está presente numa maioria silenciosa. Colocá-la em primeiro plano, através de incentivos e reconhecimento desses comportamentos, pode permitir que os colaboradores ‘aumentem o volume’ em relação a esse comportamento positivo”, explica ainda.
“A empatia merece o seu status de buzz word e os líderes são inteligentes por a quererem integrar no negócio. Mas para serem bem-sucedidos na sua integração no ADN da organização, devem prestar muita atenção à forma como a cultura das organizações se constrói e muda – de forma orgânica, coletivamente e, frequentemente, da base para o topo”, conclui.