De 14 a 20 de novembro realiza-se a Semana Global do Empreendedorismo (SGE) em 106 países em simultâneo. A organização portuguesa é vice-presidente deste movimento mundial, que teve início em 2008 a partir de uma iniciativa da Kauffman Foundation (EUA) e da Enterprise UK.
A SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social e a APBA – Associação Portuguesa de Business Angels são os promotores da SGE em Portugal, país que "necessita de um verdadeiro impulso empreendedor". Estão envolvidos dezenas de grandes empresários, gestores e especialistas que vão aproximar-se das universidades e dos potenciais empreendedores. Os debates vão abranger temas como as oportunidades, desafios, adversidades e contextos, sem esquecer a questão do financiamento.
A diáspora é, para os organizadores do evento, uma oportunidade, já que Portugal é uma porta de acesso para o mercado europeu para países como o Brasil, China, Angola ou Moçambique. As "excelentes universidades e talentos", as boas infraestruturas viárias e tecnológicas são fatores a potenciar. Mas do que Portugal precisa é de "mais determinação, sentido estratégico, cultura empreendedora, capacidade de execução e implementação de empresas de dimensão global e de uma estratégia coordenada de afirmação de promoção no exterior", resume a organização.
Em Portugal, está prevista a presença do presidente da República na sessão de abertura.
No decorrer da semana realizam-se mais de 100 atividades em todo o país, entre congressos e seminários, concursos de ideias, workshops, debates, fóruns de discussão e algumas ações online. As iniciativas decorrem em Lisboa, Porto e Covilhã, sobretudo em interligação com universidades. "Aliás, a Universidade da Beira Interior é um caso de sucesso no empreendedorismo tecnológico", realça Luís Barata, secretário-geral da SEDES". A encerrar a SGE, o Silicon Valley Comes to Lisbon (caixa) traz mais de 20 oradores nacionais e internacionais para partilharem experiências de sucesso com os participantes. Ana César Costa
Mais informações e programa completo em http://www.sge.org.pt/ e http://www.unleashinideas.com/.
Entrevista a Luís Barata, secretário-geral da SEDES e vice-presidente da Semana Global do Empreendedorismo
Qual o objetivo da SGE?
A nossa intenção é sensibilizar para o empreendedorismo qualificado. De todas as iniciativas que temos feito saem alguns empreendedores. Há aqui sinergias que se têm criado, com estudantes de valências diferentes que se juntam para lançar um negócio.
Uma das nossas ideias é estabelecer uma referência em termos mundiais de Portugal como start up. Temos know how nas universidades, temos capacidade tecnológica, temos vocação e abertura para isso.
Como comenta o facto de os índices de empreendedorismo estarem a descer?
Em 2007 a taxa de empreendedorismo era mais elevada, mas era um empreendedorismo de sobrevivência. O que nos interessa é ter empreendedores qualificados, com base tecnológica e exportáveis.
Na sua opinião, o que pode ser feito a nível político para facilitar o empreendedorismo em Portugal?
Deve haver benefícios fiscais a empresas que se estão a formar, nos primeiros 3 a 4 anos e financiamento alternativo como o capital de risco, porque o financiamento dos bancos está cada vez mais difícil. A Euronext tem uma Bolsa Alternativa para PME, mas há um problema cultural que põe grandes entraves à entrada de novos sócios.
Os licenciamentos devem ser mais fáceis e deve haver uma redução dos prazos da justiça, um fator muito importante para atrair start ups de fora. Não se pode estar cinco ou 20 anos à espera de resolução de litígios. O acompanhamento das empresas devia ser facilitador e não entrar em burocracias que criam obstáculos.