Acha que a sua equipa lhe diz mesmo tudo o que se passa? Ou estará apenas a dizer-lhe aquilo que acha que quer ouvir? Se algo de muito errado estiver a acontecer dentro da sua organização, acredita que alguém lhe dirá? Um estudo recentemente publicado pela Ashridge Executive Education revela que, muito provavelmente, a resposta a todas as questões anteriores é não.
Depois de dois anos de investigação, o estudo mostra que a maioria dos líderes das organizações não faz ideia do quão difícil é para os seus colaboradores falar com eles abertamente, um problema que pode colocar em causa os resultados e, em última análise, o sucesso da empresa.
Como explicam os autores do estudo, os escândalos a que temos assistido nos últimos anos referentes a grandes multinacionais como a Volkswagen mostram que muitos dos líderes não fazem ideia do que se passa dentro dos limites da sua própria organização. Para além disso, revela que as organizações não reconhecem que existe uma ligação indissociável entre a verdade e o poder.
E acredite: por mais acessível que ache que é, os seus colaboradores vão sempre ter cuidado com aquilo que lhe transmitem, revelando apenas aquilo que acreditam ser ‘seguro’ ou politicamente correto. E esqueça a ideia de que ter a porta do seu gabinete aberta é o suficiente para que a sua equipa sinta que tem uma voz ativa. Encorajar as pessoas a falar e a dizerem-lhe exatamente o que pensam é quase um ato de contorcionismo para o qual poucos líderes estão preparados.
Segundo os autores do estudo, apenas os líderes com uma compreensão sofisticada do impacto que as diferenças de poder têm naquilo que pode ser dito e ouvido é que conseguem que a sua equipa lhes comunique exatamente aquilo pensa.
Megan Reitz, uma das responsáveis pela investigação, defende que “o silêncio é muito perigoso para qualquer organização ou líder. Se as pessoas não podem falar abertamente consigo, então não estará alerta para os problemas, o que pode arruinar a sua equipa, os seus objetivos e até a sua organização”.
“Quando os líderes dominantes começam a ver-se a si próprios como inquestionavelmente certos, e aqueles à sua volta sentem que apenas lhes podem dizer o que é seguro, então temos a tempestade perfeita”, acrescenta.
Como explica o estudo, os líderes, e os departamentos de Recursos Humanos, devem garantir que a cultura da organização não está a inibir vontade de os seus colaboradores expressarem as suas ideias. Para além disso, é importante que as organizações compreendam que os rótulos associados à profissão ou posição de cada um, como ‘manager’ ou ‘pessoa que me pode despedir’, podem ser o suficiente para inibir os colaboradores de darem as suas opiniões.
As organizações que conseguem encontrar balanço dentro de todas estas dinâmicas são também aquelas que conseguem recolher os maiores benefícios de uma cultura aberta e honesta onde os problemas que existem são colocados fora do armário em vez de varridos para debaixo do tapete.
E você, está a silenciar a sua equipa?