Setor do retalho melhora nos países em crise
O setor do retalho tem vindo a recuperar nos países em crise. A conclusão é da GfK, que desenvolveu uma análise da atual situação do setor em 32 países europeus, avaliando o poder de compra, a percentagem das despesas totais da população que é dedicada ao retalho, a inflação, a produtividade da área de vendas e as mudanças no retalho provocadas pelo e-commerce.
Em Portugal, a GfK revela que o volume de negócios do retalho ascendeu, em 2014, a 39,2 mil milhões de euros, contudo, as previsões para 2015 não são otimistas. O estudo indica que os portugueses dedicaram 35% da totalidade das suas despesas privadas ao retalho. Esses números foram comparados com a evolução dos consumidores de Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda, “detetando uma tendência positiva.”
No que diz respeito ao poder de compra, segundo a GfK, “registou-se um total de aproximadamente 7,75 triliões de “rendimento disponível” para os consumidores dos países da UE-28 gastarem ou pouparem no ano de 2014. Este valor corresponde a um poder de compra per capita de 15 360 euros, um aumento nominal de aproximadamente 2,5% em comparação com 2013.”
Ainda assim, de acordo com a análise, continua a verificar-se “uma profunda divisão na Europa no que respeita à prosperidade”. A Noruega tem um rendimento per capita disponível de 30 560 euros, mas a Bulgária tem apenas 3 097 euros.
A GfK indica também que “o crescimento no comércio online está a pressionar cada vez mais os pontos fixos de venda a retalho espalhados por toda por toda a Europa.”Assim, prevê-se um crescimento de 0,5% para esta área em 2015, nos países da EU-28.
Por sua vez, a percentagem do consumo privado dedicada ao retalho “diminuiu novamente em 2014 nos países da UE-28, fixando-se nos 30,9%. Este desenvolvimento foi influenciado por dois fatores chave com efeitos em conflito: em primeiro lugar, a queda dos preços do petróleo a meio de 2014, o que resultou na redução dos custos da energia e do combustível; em segundo lugar, a tendência de longo prazo relativamente a despesas cada vez maiores em alojamento, saúde e recreação. Estas despesas significam que existe menos dinheiro disponível para o consumo de retalho.” No que diz respeito à inflação, a GfK revela que os preços ao consumidor aumentaram moderadamente em 2014, cerca de 0,6%, prevendo-se uma taxa de inflação de 0,2% este ano.
O estudo indica, por fim, que a produtividade da área de vendas está “cada vez mais sob pressão no Norte e no Sul da Europa, em particular na Alemanha, em França e no Reino Unido.”
“Uma das principais razões remete para o volume de negócios que está a ser redirecionado para o retalho na internet em muitas linhas de produto. Embora o e-commerce tenha momentum significante na Europa de Leste, os efeitos ainda não têm um impacto forte, porque os volumes absolutos a ser transacionados na internet são pequenos em comparação. A Polónia é o principal exemplo. Contrariamente, em mercados maduros como a Alemanha, segmentos como o retalho de vestuário já não são tão caros como eram há alguns anos. Ao mesmo tempo, o número de centros comerciais planeados ou em construção está a diminuir, o que funciona, simultaneamente, como uma causa e um efeito na dinâmica do mercado”, revela.