Que tendências vão marcar o retalho em 2016?
2016 começou com boas perspetivas para o consumidor português. Quem o diz é a Nielsen, que esta terça-feira (15 de março) apresentou o seu estudo ‘Nielsen 360º’ que se debruça, entre outras coisas, sobre as tendências que este ano irão marcar o setor do retalho.
De acordo com os dados, “em 2015, os bens de grande consumo apresentaram um crescimento de 1,4%, tendo sido a categoria de bebidas alcoólicas a que demonstrou uma maior dinâmica (aumento de 4,8% comparativamente com o ano de 2014).”
O gasto médio por lar cresceu cerca de 0,4%, suportado, sobretudo, por um aumento na frequência de compra, que aumentou duas ocasiões em 2015. Ainda assim, o gasto médio por visita caiu 1,3%.
“O número de consumidores que revela maior disponibilidade para entretenimento fora do lar duplicou de 2013 para 2015, situando-se agora em 24%. Esta maior predisposição do consumidor levou a que um conjunto de várias categorias estudadas pela Nielsen tenha aumentado (+5%) no consumo realizado fora do lar”, explica a empresa.
Mas afinal que tendências irão marcar 2016?
Segundo a Nielsen, apesar de ainda ter pouca expressão em Portugal, o e-commerce tem vindo a ganhar espaço por toda a Europa. “Em Portugal, essa tendência não é exceção e continua a verificar-se um aumento do número de lares que compram bens de grande consumo online (7,8%). O potencial de crescimento existe e 64% dos consumidores considera conveniente comprar online, mas 50% opta por não comprar em resultado dos custos adicionais de entrega”, revela.
Mas se por um lado o e-commerce tem vindo a crescer, a verdade é que o comércio tradicional de proximidade também tem vindo a reconquistar espaço, apresentando em 2015 um crescimento de 2,8%.
Para além disso, “a preocupação com a saúde é um fator que ganha cada vez maior importância. 50% da população europeia está a procurar perder peso e mais de 30% dos consumidores a nível mundial gostariam de ter mais oferta de produtos saudáveis e naturais”, indica a Nielsen.
“Nos últimos dois anos verificámos que os bens essenciais perderam vendas, tendo os legumes secos apresentado uma quebra de 30%. Contrariamente os produtos designados como saudáveis cresceram, com destaque para o pão diet que cresceu 239% e produtos como iogurtes bio e arroz integral que cresceram 45% e 44%, respetivamente. Neste aspeto, os jovens estão dispostos a pagar mais pela aquisição de produtos saudáveis.”
A estas soma-se ainda uma tendência para a preocupação com a sustentabilidade. 66% dos consumidores a nível mundial estão dispostos a pagar mais por marcas comprometidas com a sustentabilidade. Em 2015, 58% dos portugueses revelaram estar com disposição para pagar mais pela sustentabilidade.
Promoções estarão a acabar?
O fenómeno das promoções é outra das tendências que desde 2011 tem apresentado crescimentos. De acordo com a Nielsen, “os portugueses são dos povos mais ‘obcecados’ por promoções: 40% dos lares que mais compram nessa condição representam 78% do consumo total realizado em promoções”. Contudo, duas em cada cinco promoções realizadas nas lojas não geram incremento ao nível da referência, e apenas uma em cada quatro geram incremento na categoria a que pertencem. Ainda assim, “os descontos estão cada vez maiores”.
Em 2016, a Nielsen prevê que as ações promocionais continuem a ser importantes, mas o cenário já está a dar sinais de “esgotar em algumas categorias.”
Lineares serão mais orientados para a população sénior
“Em 2050 mais de 1/3 da população terá mais de 65 anos, o que representará 32% do total da população portuguesa. Hoje, quando ouvimos os seniores (+65anos) sabemos que 33% considera que as lojas não oferecem lineares orientados para as suas necessidades. E mais de metade (51%) não se identifica com a publicidade”, explica a empresa.
No entanto, em 2015, alguns indicadores já demonstraram a importância deste grupo de consumidores. Os lares cuja pessoa habitualmente responsável pelas compras tem mais de 54 anos representam metade do consumo dos lares, tendo registado um aumento face ao ano anterior. Para além disso, são também estas pessoas quem mais visitas fazem às lojas: 140 comparativamente com 96 visitas por parte de pessoas com menos de 35 anos, apresentando um gasto médio anual de 2 635 euros.
De resto, segundo a Nielsen, em 2016, “os preços mais acessíveis (55%) e as ofertas” continuarão a ser uma atração para o consumidor, a par de fatores como produtos adequados a um estilo de vida saudável (41%); produtos que tornem a vida mais fácil (37%); produtos com ingredientes naturais (31%); produtos que cuidem do ambiente (26%) ou produtos novos (26%).