Estudo: Valor, variedade e produtos saudáveis são ‘novo standard’
A McKinsey, em parceria com a Eurocommerce, divulgou mais um estudo relativamente ao impacto da pandemia Covid-19 no setor do retalho, nomeadamente na Europa.
No relatório “O estado da alimentação: disrupção e incerteza”, as duas organizações dão algumas pistas de como o setor foi afetado, fruto de uma alteração no comportamento dos próprios consumidores.
“O relatório, baseado num inquérito a 48 executivos do setor alimentar na Europa e a mais de 10.000 consumidores em dez países europeus”, explica que as mais significativas alterações verificadas em 2020, no setor do retalho, foram o acelerar de algumas tendências do passado, algo que “afetou tanto os hábitos de consumo como a forma como os consumidores compram os produtos alimentares, levando a um crescimento drástico das vendas online”.
Num curto sumário, explica-se que “as receitas foram afetadas de forma positiva pela pandemia: durante o primeiro confinamento em março de 2020, as vendas de alimentos na Europa aumentaram 20% em média, e 10% durante todo o ano de 2020”, mas também, “simultaneamente, devido à pressão nas cadeias de abastecimento e à crescente necessidade de introduzir medidas de higiene adicionais, os custos aumentaram”, manifestando-se todos estes aspetos numa alteração dos “hábitos de compra de acordo com a evolução dos confinamentos na Europa. Quanto mais restrições, mais trocas de supermercado e mais compras online. No total, 60% dos consumidores optaram por outra superfície de compra de produtos alimentares ou fizeram compras online”.
“A velocidade e a magnitude destas mudanças irão mudar as regras do jogo e criar novos vencedores e derrotados. Os retalhistas alimentares que tomem medidas eficazes para fazer face a grandes mudanças, como o crescimento do canal online e o interesse dos consumidores por produtos saudáveis, terão uma oportunidade única de ganhar quota de mercado ainda que a pressão por eficiência se mantenha alta”, afirma Ana Paula Guimarães, Associate Partner na McKinsey & Company.
Segundo Ignacio Marcos, Senior Partner da McKinsey & Company e líder da prática de consumo em Iberia, “sem dúvida que a situação atual está a gerar novos padrões a todos os níveis e a mudar a forma de trabalhar em todos os setores de consumo. No início da pandemia, a compra de alimentos ou de bens essenciais para o lar cresceu substancialmente. Após o pico de vendas resultante do efeito de “acumulação”, prevê-se que a evolução se estabilize e volte ao normal à medida que a indústria hoteleira e de restauração recupere e que voltemos a reativar o consumo fora de casa”.
Confira as quatro principais tendências identificadas:
– Estilo de vida impulsiona a procura de alimentos: Em 2021, em toda a Europa, 50% dos consumidores planeiam adaptar os respetivos gastos alimentares para melhor se adequarem aos estilos de vida que têm
– O valor volta a ser rei: Na Europa, 37% dos consumidores inquiridos planeiam procurar formas de poupar dinheiro nas compras em 2021, em comparação com 2020
– O online torna-se nuclear: 50% dos consumidores que utilizaram os canais digitais durante a pandemia pretendem continuar a fazê-lo
– O regresso da restauração: Embora o hábito de comer fora de casa vá demorar algum tempo a voltar aos níveis pré-crise, o relatório indica uma forte recuperação assim que as restrições forem reduzidas, uma vez que as lojas alimentares perderão uma parte considerável dos respetivos lucros