A comunidade veggie em Portugal (engloba vegans, vegetarianos e flexitarianos) já é superior a um milhão de pessoas. A conclusão é da segunda edição do estudo ‘The Green Revolution’, lançado pela Lantern, consultora de estratégia e inovação, especialista no setor alimentar.
Em comunicado, a consultora revela que desde a primeira edição do estudo, em 2010, verificou-se um aumento de 33% dos veggies. De quase 9%, a população veggie subiu para 11,9% do total dos portugueses.
Dentro da comunidade, a maior parte destes consumidores consideram-se flexitarianos, ou seja, seguem uma dieta alimentar menos rígida que permite o consumo de carne e peixe de forma ocasional: 9,3% dos portugueses consideram-se flexitarianos, 27% mais do que há dois anos.
Quanto aos vegans (que excluem por completo qualquer produto de origem animal) e vegetarianos (que não incluem carne nem peixe na sua alimentação, mas aceitam os seus derivados), a soma destas duas classes alimentares cresceu 57% face a 2019:
- Há um total de 180 mil vegetarianos, o que significa 2,1% da população adulta. Este perfil cresceu 137% em comparação com a edição anterior, compensando o declínio dos vegans;
- 0,5% dos adultos portugueses consideram-se vegans (vs. 0,7% em 2019), representando atualmente um universo de 40 mil pessoas;
“O crescimento dos veggies é uma tendência clara, mas ainda não está a ser sustentada pelos dados de consumo. Ainda não se verificou uma queda significativa nas vendas da carne vermelha”, notou o partner da Lantern, David Lacasa.
“Se analisarmos os dados do INE sobre a evolução, desde 2010, do consumo humano de carne vermelha, vemos como desde 2013 o volume total de toneladas tem crescido um 7%, mas ainda está 3% abaixo dos dados de 2010. De 2019 a 2020 o consumo caiu um 5% até às 662 toneladas, dados muito relacionados com o impacto da pandemia no consumo fora de casa”, explicou.
O perfil do consumidor veggie
A tendência veggie tem crescido, sobretudo, entre as mulheres. Uma em cada sete mulheres assume-se como veggie, o que significa 13,7% da população feminina. Em 2019, eram apenas uma em cada oito. Já entre os homens, apenas 1 em cada 10 pertence à classe veggie (9,9%). Olhando para a combinação de vegans e vegetarianos, o predomínio é também ele feminino: o peso nas mulheres é de 3,1% vs. 2,0% nos homens.
A maior penetração incide no grupo etário dos 18 aos 34 anos. No entanto, o segmento dos 25 aos 34 anos lidera a penetração por alvo, com 16,8%, acima dos 11,3% em 2019. No caso dos mais jovens, dos 18 aos 24 anos, 12,8% deles são veggies. Estes dois grupos também são mais prominentes no grupo de vegetarianos/vegans, atingindo 6%, o valor mais alto nas faixas etárias.
As motivações
A saúde é a motivação mais citada pelos flexitarianos para fazer a mudança, com 68% a mencioná-la este ano em comparação com 73% em 2019. Segue-se a preocupação com os animais que, entre os flexitarianos, é o segundo motivo mais importante para adotar uma dieta veggie, mas desceu 4 pontos percentuais em dois anos, dos 34% em 2019 a 30% em 2021.
Para os vegetarianos e vegans, é também a segunda razão para adotar este tipo de dieta, com 69%. Por fim, a sustentabilidade é outra das motivações dos flexitarianos. Representa agora 29% nas motivações para mudar a sua dieta, em comparação com 2019, que foi de 47%.