O mundo das franquias é frequentemente visto como uma via rápida para o sucesso empresarial. Com um modelo de negócio testado, apoio contínuo e uma marca reconhecida, as franquias oferecem aos empreendedores uma plataforma sólida para iniciar e gerir um negócio. No entanto, nem todas as franquias são criadas de igual forma. Existem casos em que a promessa de sucesso se transforma em desilusão, principalmente devido a práticas não éticas, falta de transparência e gestão deficiente. Este artigo destaca alguns exemplos de franquias que desiludem e serve como um alerta para futuros franqueados.
Problemas de transparência: A falta de transparência é um dos principais problemas em algumas franquias. Franqueadores pouco éticos podem omitir informações cruciais durante o processo de venda. Isto pode incluir a real situação financeira da empresa e os desafios operacionais enfrentados. Por exemplo, ao não revelar os verdadeiros custos operacionais, muitos franqueados acabam por enfrentar dificuldades financeiras inesperadas.
Suporte insuficiente: Outro fator que contribui para a desilusão dos franqueados é o suporte insuficiente. Embora muitos franqueadores prometam formação contínua e apoio, na prática, este suporte pode ser inadequado ou inexistente. Há uns anos, uma franquia de serviços foi referenciada por franqueados que relataram que, após o pagamento das taxas iniciais, o suporte prometido era mínimo. Sem orientação adequada, muitos acabaram por fechar as suas unidades.
Marketing enganoso: Práticas de marketing enganosas também são uma preocupação significativa. Algumas franquias utilizam táticas de venda agressivas e promessas inflacionadas para atrair franqueados. Um exemplo é uma franquia que promete lucros elevados com pouco esforço. Na realidade, os franqueados acabam por descobrir que os custos operacionais são muito superiores ao anunciado e que o volume de trabalho necessário torna o projeto insustentável.
Exigências financeiras excessivas: Exigências financeiras excessivas podem transformar um sonho de negócio numa desilusão. Um exemplo relatado numa marca de jardinagem envolvia, além das altas taxas iniciais, a obrigatoriedade de comprar produtos e equipamentos exclusivamente através do franqueador, muitas vezes a preços inflacionados. Esta prática reduz significativamente as margens de lucro e torna a operação do negócio insustentável.
Ética empresarial: A falta de ética empresarial é um problema que pode destruir a confiança entre franqueador e franqueado. Um exemplo de uma empresa de educação na década de 90 mostrou como a manipulação dos resultados dos exames dos seus alunos foi usada para atrair mais franqueados. Este comportamento não só prejudicou a reputação da marca, como também teve graves consequências legais.
Consequências das práticas não exemplares: As consequências das práticas não exemplares podem ser devastadoras para os franqueados. Além de perdas financeiras, muitos enfrentam batalhas judiciais prolongadas para tentar recuperar os seus investimentos. A falta de proteção jurídica adequada é um problema recorrente, especialmente em sistemas de franchising onde os contratos favorecem desproporcionalmente o franqueador, algo que felizmente não é comum em Portugal.
Como PROTEGER-SE?
Para evitar cair numa franquia que desiluda, é crucial realizar um bom planeamento e pesquisar cuidadosamente as entidades que oferecem seriedade e segurança antes de se comprometer. Aqui estão algumas dicas para potenciais franqueados:
Investigação completa: Pesquise a fundo sobre a franquia, fale com franqueados atuais e anteriores e leia todas as avaliações disponíveis. Se não está familiarizado com este modelo de negócio, sugiro que faça o curso Jornada de Franchising.
Consulta jurídica: Consulte um advogado especializado em franchising para analisar o contrato e identificar possíveis armadilhas. A Associação Portuguesa de Franchising pode indicar-lhe advogados especialistas no setor.
Análise financeira: Tenha um consultor financeiro a rever as projeções financeiras fornecidas pelo franqueador e verifique se são realistas. O plano de negócio deve ser feito pelo futuro franqueado, aprovado pelo franqueador, mas se as finanças não são a sua especialidade, peça ajuda a um contabilista, economista ou consultor.
Transparência: Exija total transparência em todos os aspetos do negócio, incluindo custos operacionais, taxas adicionais e o nível de suporte oferecido. Guarde toda a informação disponibilizada pelo franqueador para garantir mais tarde a idoneidade da informação.
Contrato de franquia: Leia cuidadosamente o contrato de franquia e compreenda todas as obrigações e direitos antes de assinar. Mais importante, fale com um advogado especialista nessa área. A Associação Portuguesa de Franchising pode indicar-lhe advogados especialistas no setor.
Embora o franchising seja uma excelente forma de empreender, é fundamental estar atento aos sinais de alerta e fazer uma investigação aprofundada. Franquias que desiludem existem, mas com diligência, planeamento e uma abordagem cautelosa, é possível evitar armadilhas e escolher um negócio ético e responsável. Lembre-se, o sucesso no franchising não depende apenas da marca, mas também da integridade e suporte do franqueador. Escolha sabiamente e proteja o seu investimento.
Para identificar marcas validadas, consulte o site da Associação Portuguesa de Franchising. Esteja ciente de que há vários modelos de negócio que não são franquias, como agenciamento e cooperativas, que podem aparentar ser franquias, mas não o são.
Para mais informações, não hesite em contactar-nos em: cmatos@apf.org.pt